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Turquia: perfil da antiga potência otomana que liga Ocidente e Oriente

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A república moderna e secular da Turquia foi estabelecida nos anos 1920 pelo líder nacionalista Kemal Ataturk.

Antes do nascimento da atual Turquia, a região fazia parte do Império Otomano desde o século 15, quando a cidade de Constantinopla – hoje Istambul – foi tomada pelos otomanos. Até então, ela era a capital do Império Romano do Oriente, tendo sido fundada pelos romanos com o nome de Bizâncio.

Com território que se estende da Europa à Ásia, a localização estrategicamente importante da Turquia deu-lhe uma grande influência na região – e controle sobre a entrada do Mar Negro. A cidade de Istambul divide-se entre os continentes europeu e asiático, com o Estreito de Bósforo separando os dois lados.

Depois da morte de Ataturk, em 1938, o Exército viu-se como um poder protetor da Constituição. Nessa posição, repetidamente derrubou governos que considerava ameaças aos valores seculares da república.

A entrada da Turquia na União Europeia tem sido durante muitos anos uma grande ambição do país. As negociações para sua possível aceitação começaram em 2005, mas deixaram de avançar devido a muitos questionamentos sobre o histórico da Turquia na área de direitos humanos.

Com a chegada de Recep Tayyip Erdogan ao comando do país e a concentração de poder em suas mãos, a possibilidade de a Turquia entrar para o bloco europeu tornou-se ainda mais remota.

Os curdos representam cerca de 20% da população. Separatistas curdos, que acusam o Estado turco de buscar a destruição de sua identidade cultural, iniciaram uma campanha armada nos anos 1980 que se estendeu pelas décadas seguintes.

FATOS

LÍDER

Presidente: Recep Tayyip Erdogan

Além de obter um novo mandato nas eleições presidenciais de junho de 2018, Recep Tayyip Erdogan também ganhou significativos novos poderes sob um novo sistema, aprovado pelos eleitores no ano anterior.

Ele chegou ao poder pela primeira vez em 2003, numa ampla vitória eleitoral de seu grupo político, o Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), de caráter islamista e do qual ele é um membro fundador.

Erdogan passou 11 anos como primeiro-ministro turco antes de se tornar o primeiro presidente diretamente eleito em agosto de 2014 – um cargo que, supostamente, deveria ser mais figurativo.

Seus seguidores o valorizam por ter proporcionado anos de crescimento econômico à Turquia, mas seus críticos o veem como um líder autocrático, intolerante com dissidentes e que silencia duramente qualquer um que se oponha a ele.

Em julho de 2016, o governo do AKP sobreviveu a uma tentativa de golpe, em que confrontos nas ruas de Istambul e Ancara deixaram 256 mortos. As autoridades posteriormente detiveram milhares de soldados, juízes, professores e funcionários públicos suspeitos de envolvimento na tentativa de derrubar o governo. Segundo o presidente Erdogan, o frustrado levante foi inspirado pelo opositor exilado Fethullah Gulen.

Um referendo em 2017 aprovou, numa votação apertada, uma mudança constitucional que deu ao país um sistema presidencial, o que aumentou significativamente os poderes de Erdogan.

MÍDIA

O setor de mídia turco é vibrante, com centenas de estações privadas de rádio e TV competindo com a empresa de comunicações estatal, a TRT. A televisão é de longe o meio de comunicação mais influente, e tanto a imprensa como os meios eletrônicos são operados por empresas poderosas.

Para jornalistas, as Forças Armadas, os curdos e os aspectos políticos do islã são temas extremamente sensíveis, cuja cobertura pode levar à prisão e a processos judiciais. Algumas das restrições mais repressivas foram eliminadas no processo visando a entrada na União Europeia, mas ainda é um crime insultar a nação turca e o presidente do país. Uma onda de processos contra jornalistas sob o governo de Erdogan gerou novas preocupações sobre a liberdade de imprensa na Turquia.

RELAÇÕES COM O BRASIL

As relações entre Brasil e Turquia nasceram quando ambos não eram meros países, eram impérios. No caso do Brasil, a categoria refletia apenas o sistema político, para os turcos tratava-se de um império que incluía os Bálcãs, Egito, Iraque, Israel, Síria, além de Tunísia, norte da Líbia e outras partes do Oriente Médio.

No âmbito dessa diferente configuração, em 1858 o Império do Brasil e o Império Otomano assinaram o Tratado Bilateral de Amizade e Comércio. Em 1927, um novo Tratado de Amizade foi assinado, dessa vez entre a ainda jovem República da Turquia e um Brasil agora republicano.

Cordiais, as relações tornaram-se mais próximas no início do século 21. Em 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se o primeiro chefe de Estado brasileiro a visitar a Turquia.

No ano seguinte, Brasília e Ancara propuseram um acordo ao Irã na tentativa de encerrar o impasse sobre seu programa nuclear. O acordo, que previa que o Irã enviasse urânio para ser enriquecido no exterior, não foi colocado em prática por não ter sido aceito pelos Estados Unidos.

A iniciativa, no entanto, aproximou Brasil e Turquia, que na época eram duas forças emergentes política e economicamente, representando duas partes diferentes do mundo.

A aproximação política levou a um aumento do comércio bilateral, que saltou de US$ 1,15 bilhão por ano em 2008 para US$ 2,89 bilhões em 2018 – com uma balança fortemente favorável ao Brasil.

LINHA DO TEMPO

Importantes datas na história da Turquia:

Antiguidade – Região constantemente invadida e dominada por gregos, persas e outros povos.

324 – A cidade de Bizâncio, atual Istambul, é escolhida pelo imperador Constantino como nova capital do Império Romano. Posteriormente, a cidade passaria a se chamar Constantinopla.

1453 – O sultão Mehmed II – conhecido como Mehmed, o Conquistador – captura a cidade de Constantinopla, acabando com o Império Bizantino e consolidando o Império Otomano na Ásia Menor e nos Bálcãs.

Séculos 15 e 16 – Expansão na direção da Ásia e da África.

1683 – O avanço otomano na Europa é contido na Batalha de Viena. Começa um longo declínio do império.

1908 – A Jovem Revolução Turca estabelece um regime constitucional, mas acaba virando uma ditadura militar durante a Primeira Guerra Mundial, em que o Império Otomano luta numa aliança com a Alemanha e o Império Áustro-Húngaro.

1918-22 – A partilha do derrotado Império Otomano leva ao eventual triunfo do Movimento Nacional Turco numa guerra de independência contra a ocupação estrangeira e o regime do sultão.

1923 – A Turquia declara a criação de uma república com Kemal Ataturk como presidente. Em seguida, o país se torna secular.

1952 – A Turquia abandona a política de neutralidade de Ataturk e se torna integrante da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aliança militar ocidental.

1960 – Golpe militar contra o governo do Partido Democrático.

1974 – Tropas turcas ocupam o norte de Chipre, dividindo a ilha.

1984 – O grupo curdo PKK lança uma campanha guerrilheira separatista que se torna um conflito civil que permanece ativo por décadas.

2011 – Guerra civil na Síria começa, levando a tensão na fronteira com a Turquia e um enorme fluxo de refugiados sírios para a Turquia.

2013 – Protestos contra a reurbanização do parque Taksim Gezi transformam-se em uma onda de manifestações contra o governo, acusado de ameaçar o secularismo no país.

2016 – Golpe militar contra o presidente Erdogan fracassa.

2017 – Referendo aprova a mudança de sistema, de parlamentarismo para presidencialismo, aumentando o poder de Erdogan.

2020 – Governo permite que a Santa Sofia, referência turística de Istambul e mantida como um museu desde 1935, volte a ser usada como mesquista para orações. Construída em 537 como catedral do então Império Romano do Oriente, ela já havia sido transformada em mesquita após a tomada da cidade pelos otomanos, em 1453.

2023 – Um forte terremoto de magnitude 7,8 atinge a fronteira entre Turquia e Síria causando a morte de centenas de pessoas além de grande destruição. No lado turco, a cidade de Kahramanmara? no leste do país recebeu o maior impacto do tremor e registrou grande número de vítimas.

Fonte G1 Brasília

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