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Entenda polêmica envolvendo Kosovo e Sérvia exaltada por Djokovic em Roland Garros

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Na segunda-feira, 29 maio, o tenista sérvio Novak Djokovic comemorou uma de suas vitórias em Roland Garros com uma mensagem ultranacionalista. O atleta escreveu na lente de uma das câmeras do evento “Kosovo é o coração da Sérvia“.

A atitude foi vista por autoridades kosovares como uma provocação, e elas acusaram o tenista de aumentar a tensão política na região.

Kosovo é um país independente, reconhecido pela ONU, que faz fronteira com a Sérvia, Montenegro, Albânia e Macedônia.

Um dos países mais novos do mundo, o Kosovo, cuja capital é Pristina, conquistou sua independência da Sérvia em 17 de fevereiro de 2008, pouco mais de 15 anos atrás. O maior dos problemas entre os dois países se dá porque o governo sérvio insiste em dizer que, formalmente, a região ainda faz parte de seu território.

Em fevereiro de 1998, teve início um dos episódios mais sangrentos da Europa pós-Segunda Guerra Mundial. A Guerra do Kosovo, como ficou conhecida, vitimou mais de 10 mil pessoas em um conflito que colocava frente a frente militares da Iugoslávia, da Albânia e, posteriormente, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Em março de 1999, as forças da OTAN iniciaram uma campanha de bombardeios contra a Iugoslávia. Quase três meses depois, um acordo de paz foi alcançado e as forças sérvias se retiraram do Kosovo. A região foi, então, colocada sob administração das Nações Unidas (ONU).

Como é o Kosovo?

A nação é formada por uma maioria de origem albanesa, cerca de 90% da população, dividida por todo o território. As pessoas de etnia sérvia representam 5% do total e estão concentradas no norte do país.

Essa região, conhecida como Kosovo do Norte, é o centro da maior parte das discussões. A mais recente delas perdura há meses diz respeito à autoridade do governo de Pristina no local.

Um dos principais temas é a mudança nas placas dos carros: Kosovo deseja que os civis do norte troquem suas placas sérvias, que datam da era pré-independência, por aquelas emitidas por Pristina. Cidadãoes de etnia sérvia se recusam.

Recentemente, o Kosovo passou por eleições regionais. A maioria da população de etnia sérvia, no norte, boicotou o pleito por não querer responder à administração kosovar. Com isso, os candidatos à prefeitura que venceram em muitas cidades do norte são de etnia albanesa.

Conflitos violentos

No decorrer desta semana, cerca de 30 soldados de paz da OTAN ficaram feridos em combates na cidade de Zvecan.

Os sérvios avançaram na direção da prefeitura da cidade, entraram em confronto com a polícia em Zvecan e pintaram veículos da Otan usando sprays com a letra “Z”, referindo-se a um sinal russo usado na guerra na Ucrânia.

Após os confrontos, a OTAN anunciou o envio de mais 700 soldados de paz para o país.

Assista a reportagem de 30 de maio sobre a situação no Kosovo:


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Qual a solução?

A solução pensada pelos sérvios do norte é a de criar uma associação dos municípios em que a maioria seja de sérvios para operar com autonomia do governo kosovar.

Pristina rejeita isso alegando ser uma receita para a criação de um “mini estado” dentro de Kosovo, dividindo o país em linhas étnicas.

Adesão à União Europeia

O conflito frequente entre as regiões desde a independência kosovar afastou os dois países de uma filiação à União Europeia (UE).

Uma das exigências da UE para iniciar o processo de adesão era que houvesse conversas biltilaterais para garantir a paz na região.

Apesar disso, a OTAN mantém cerca de 4 mil soldados em Kosovo para garantir a continuidade da independência local.

Plano de paz proposto pela UE

Enviados dos Estados Unidos e da União Europeia para mediar o conflito estão pressionando a Sérvia e o Kosovo para aprovar um plano apresentado em meados de 2022.

Nesse plano, o governo sérvio deixaria de fazer lobby contrário a assentos para Kosovo em organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas.

Do outro lado, Kosovo se comprometeria a formar uma associação dos municípios de maioria sérvia.

Além disso, os dois países abririam escritórios de representação na capital um do outro, para ajudar a resolver disputas pendentes.

O que os países dizem

O presidente da Sérvia indica aceitar a ideia.

Já o primeiro-ministro de Kosovo, nem tanto. Ele disse que concordaria com ressalvas, entre elas, a de discutir possíveis termos para a autogovernança de sérvios em seu país.

Uma das dificuldades para o avanço na negociação é a existência de membros nacionalistas de linha dura nos governos de ambos os países.

O que está em jogo para os moradores do Kosovo do Norte?

A administração local e funcionários públicos, professores, médicos e grandes projetos de infraestrutura são pagos pela Sérvia.

Os moradores da região temem que, uma vez totalmente integrados ao Kosovo, possam perder acesso ao sistema de saúde público gratuito da Sérvia e serem forçados a aderir ao sistema de saúde privado do Kosovo, entre outros benefícios dados pelo governo sérvio e que não têm equivalentes no kosovar.

Fonte G1 Brasília

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