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PRF omitiu dados sobre bloqueio nas rodovias pós-eleição, indica quebra de sigilo de celulares

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Dados obtidos pela Polícia Federal (PF) em celulares apreendidos mostram que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) omitiu dados de inteligência sobre os bloqueios nas estradas após as eleições de 2022. Em depoimento, o ex-diretor geral da corporação, Silvinei Vasques, negou ter previsto os protestos.

As informações foram extraídas dos aparelhos de Naralucia Leite Dias, policial rodoviária federal que ocupava a função de chefe do Serviço de Análise de Inteligência da PRF, e Adiel Pereira Alcântara, então coordenador de Análise de Inteligência da PRF. Os celulares foram apreendidos após os dois entrarem em contradição em depoimentos à PF e analisados pela Delegacia de Inquéritos Especiais da Superintendência da PF no Distrito Federal, onde corre o processo das autoridades sem foro.

De acordo com as investigações, é possível verificar que a PRF tinha prospecção de cenários em caso de vitória tanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quanto de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já em 17 de outubro, ou seja, quase uma quinzena antes das eleições, já constava no Relatório de Inteligência da PRF a possibilidade de manifestações com bloqueios em rodovias caso Bolsonaro não se reelegesse. O mesmo parecer previa concentrações em grandes centros urbanos caso Lula perdesse, mas sem impacto em rodovias.

Ainda segundo as apurações da PF, órgãos públicos começaram a requisitar os relatórios de inteligência e, em seguida, começaram a aparecer sugestões para retirar dados nas próximas análises solicitadas.

“Nas conversas com [Luís Carlos] REISCHAK [ex-diretor nacional de Inteligência da corporação] e NARALÚCIA foi possível observar sugestões no sentido de retirar as expressões ‘bloqueio de rodovias’ ou para ‘deixar mais genérico’, além de não colocar informações envolvendo ‘monitoramento de redes sociais'”, relata o inquérito.

“Portanto, essas sugestões mostram que a inteligência da PRF não queria incluir nos relatórios informações que pudessem demonstrar que eles tinham conhecimento suficiente sobre futuros bloqueios nas rodovias e, além disso, que estavam acompanhando nas redes sociais o planejamento de eventuais manifestações e interdições”, complementa.

Outra conversa entre Adiel e Reischak sugerem ainda haver outros relatórios de inteligência de outubro de 2022 não remetidos à PF, apesar de terem sido solicitados no âmbito no inquérito.

Há ainda um diálogo no qual Adiel envia a seguinte mensagem a Reishack: ?A cabeça do Vasques será nossa válvula de escape?.

Os dados extraídos dos celulares contradizem o depoimento prestado pelo diretor geral da PRF à época, Silvinei Vasques, preso na manhã desta terça-feira (9).

Em 25 de novembro de 2022, ouvido pelos policiais federais, Silvinei negou ter previsto essas ocorrências. “Que a PRF não previu a possibilidade das 1000 ocorrências. Que ninguém previu, nem TSE, nem TRE, nenhuma polícia conseguiu prever. Que a Diretoria de Inteligência da PRF não conseguiu prever. Que existiam relatórios de inteligência, porém não diziam que iria acontecer as 1000 ocorrências”, narra o inquérito.

Em outro trecho ele diz que “não tinha previsão de bloqueio nas rodovias” e que “a polícia militar, polícia civil, ABIN, polícia federal, GSI não conseguiram prever o bloqueio nas rodovias”.

Depois de uma determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para a desobstrução das vias, a PRF enviou 7,3 mil placas multadas por estacionar veículo sobre a via em todo o Brasil.

Silvinei foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira (9) por determinação de Moraes. O ministro aponta que pelo menos dois servidores, Naralucia e Adiel, teriam mentido em depoimento por temerem o ex-chefe.

Fonte G1 Brasília

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