O presidente da CPI dos Atos Golpistas, deputado Arthur Maia (União-BA), disse nesta quarta-feira (23) que a comissão não deve investigar a suspeita de venda ilegal de joias recebidas como presente oficial pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Maia também incluiu, na pauta da comissão desta quinta-feira (24), a votação de quebras de sigilo da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Na terça (22), uma discussão entre parlamentares governistas e de oposição sobre o tema levaram ao cancelamento da sessão do colegiado prevista para a tarde.
Arthur Maia concedeu entrevista a jornalistas após uma reunião com o comandante do Exército, general Tomás Paiva, em Brasília.
Investigação das joias
Ao rejeitar a inclusão do caso das joias no escopo de investigação da CPI, Arthur Maia disse que o episódio não tem relação com os atos golpistas de 8 de janeiro, foco de apuração da comissão.
“Agora, venda de joias, quebrar o RIF [Relatório de Inteligência Financeira] do presidente Bolsonaro. Será que vocês, alguém aqui, em juízo perfeito, vai imaginar que o presidente Bolsonaro tava lá mandando pix, da conta dele, para patrocinar invasão do Palácio do Planalto ou do Congresso Nacional no dia 8 de janeiro? Obviamente que não”, disse.
“A não ser que chegue na CPI alguma vinculação que possa demonstrar de que havia algum tipo de ação nessa natureza, eu não vejo sentido para quebrar o sigilo apenas porque é o ex-presidente da República. Então, se quiserem fazer uma CPI pra discutir presentes de ex-presidentes venda de Rolex, negócio de joias, façam outra CPMI”, continuou.
Discussão sobre Zambelli
A possível quebra de sigilo da deputada Carla Zambelli foi motivo de bate-boca entre parlamentares da base e da oposição nesta terça-feira (22). Aliados de Bolsonaro são contra a medida e querem apenas a convocação da deputada. A reunião foi fechada à imprensa, mas foi possível ouvir vários gritos dos parlamentares, em diversos momentos.
A quebra dos sigilos de Zambelli passou a ser defendida pela relatora Eliziane Gama após o hacker Walter Delgatti Neto ter dito à CPI que a deputada intermediou um encontro entre ele e o então presidente Jair Bolsonaro, em 2022, para que fosse discutido como seria possível fraudar o código-fonte das urnas.
Nesta quarta, Arthur Maia disse ser “importante” que o requerimento seja colocado em votação, diante das alegações feitas por Delgatti.
“Eu penso que, depois daquele depoimento do hacker, é importante que isso seja colocado, né? Haviam vários requerimentos nesta direção [de quebra de sigilo de Zambelli]”, disse o presidente da CPI.
“A relatora reputa importante. Havia a proposta de que a deputada fosse convocada, mas a relatora, com razão a meu ver, reagiu dizendo que não poderia inquirir ninguém sem ter elementos para fazer a arguição. Então, partimos para a decisão de pautar. O plenário vai decidir se aprova ou não o requerimento”, continuou.
Fonte G1 Brasília