Lula deu as declarações durante entrevista em Adis Abeba, na Etiópia, onde participou nos últimos dias da 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estado do continente.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula.
O petista fez a afirmação após ser questionado sobre a decisão de alguns países de suspender repasses financeiros à agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que dá assistência a refugiados palestinos, a UNRWA.
Nos últimos dias, Israel acusou funcionários da UNRWA de envolvimento com ações terroristas do Hamas, o que motivou a suspensão de auxílio por parte de governos ocidentais.
Lula disse que, se houve um “erro” na UNRWA, que os responsáveis sejam investigados, mas afirmou que a ajuda humanitária não pode ser suspensa. Nos últimos dias, o governo brasileiro anunciou que vai prestar auxílio à agência.
“Eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente. E qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que, na Faixa de Gaza, não tá acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.
O petista voltou a defender a criação de um Estado da Palestina “pleno e soberano”. E a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com o fim do poder de veto de países com assento permanente. Para Lula, o colegiado não tem conseguido mediar conflitos e promover a paz entre países em guerra.
Na entrevista, Lula reiterou que o Brasil condena o grupo terrorista Hamas, mas é “solidário” ao povo palestino. “O Brasil condena o Hamas, mas o Brasil não pode deixar de condenar o que Israel está fazendo na Faixa de Gaza”, concluiu.
Viagem à África
O conflito entre o grupo terrorista Hamas e Israel foi um dos principais temas abordado por Lula nas reuniões de que participou durante a viagem ao Egito e à Etiópia, a segunda visita do petista ao continente africano neste terceiro mandato.
No Egito, ao lado do presidente Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, Lula pediu paz no Oriente Médio e afirmou que Israel parece ter a “primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”.
Já na Etiópia, no sábado (17), Lula se encontrou com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh.
Segundo o Palácio do Planalto, na reunião com o palestino, o petista condenou ataques do Hamas e reiterou a necessidade de paz no Oriente Médio, com a criação de um Estado Palestino. Conforme o governo brasileiro, Shtayyeh agradeceu a Lula pela solidariedade com o povo palestino.
Em discurso na 37ª Cúpula da União Africana, Lula tocou novamente no assunto. Ele voltou a condenar ataques do grupo terrorista Hamas a Israel, mas classificou como “desproporcional” a resposta israelense aos ataques, com a morte de milhares de civis.
Para Lula, a crise no Oriente Médio só será resolvida com a criação de um estado Palestino “soberano” e “membro pleno” da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte G1 Brasília