A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, afirmou nesta sexta-feira (2) que a pasta busca estabelecer um diálogo com mulheres evangélicas para uma mobilização nacional que busca zerar o feminicídio no país.
A declaração foi dada durante um café com jornalistas mulheres nesta sexta em Brasília. Segundo Cida, o diálogo com mulheres evangélicas já foi iniciado, mas as diretrizes para essa aproximação serão traçadas em setembro.
?As pastoras evangélicas foram nosso primeiro contato, na verdade, a gente está nesse desafio faz tempo. Elas vão entrar […] Vão levar para dentro das igrejas. […] O que nós tiramos é que em setembro, possivelmente, a gente vai fazer um encontro ou virtual ou presencial com mais tempo para definir de fato quais são as ações, como é que pode chegar na base das igrejas nesse debate?, informou a ministra.
Além da busca do apoio de mulheres evangélicas, Cida informou que a pasta também buscou diálogo com times de futebol, empresas e movimentos sociais.
O aumento das mortes de mulheres no Brasil, revelado pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública, vai na contramão dos números nacionais. Em 2023, o país teve 46.328 mortes violentas intencionais, uma redução de 3,4% em relação a 2022.
- Das 1.467 vítimas de feminicídio no ano passado, 63,6% eram negras, 71,1% tinham entre 18 e 44 anos e 64,3% foram mortas em casa.
- Destas, o assassino foi o parceiro em 63% dos casos, o ex-parceiro em 21,2% e um familiar em 8,7% dos registros.
Parceria no futebol
Em relação aos times, a ministra disse que apresentou dados de uma pesquisa feita pelo Fórum de Segurança Pública com o Instituto Avon em 2022 a dirigentes de clubes e a CBF.
De acordo com o estudo, o registro de boletins de ocorrência de ameaça contra mulheres aumenta 23,7% em dias em que um dos times da cidade joga e quando a partida acontece na própria cidade o aumento de registros de lesão corporal sobe 25,9%.
Segundo a ministra, entre as ações que serão implementadas pelos clubes estão o uso de braçadeiras pelos jogadores e ações de conscientização.
?Conversei tanto com o presidente do Corinthians, quanto com o presidente do Flamengo, que foram mais demoradas, na perspectiva de que nós precisamos ter uma ação agora no mês agosto, a posição, os jogadores entrarem com braçadeira, ter faixas, ter luminária, mas fora isso, precisa que os times também pensem um programa para as suas bases, seus jovens e futuros jogadores?, disse Cida.
Uma preocupação do ministério é que a busca de feminicídios zero vá além do “Agosto Lilás” ? mês dedicado a conscientização contra a violência que atinge as mulheres.
O governo, diz Cida Gonçalves, quer um combate permanente nesse tema.
Cortes no orçamento
Durante o café, integrantes da pasta também comentaram sobre o corte no orçamento do ministério feito pelo governo na pasta. Segundo eles, a forma como será realizada a redução de gastos ainda será avaliada.
A ministra disse que não vê o corte como ?desprestígio? e que a pasta fará o possível para poder cortar apenas no gerenciamento administrativo e continuar investindo em projetos e políticas para mulheres.
?Eu não entendo como um desprestígio, mas como um desafio que nós precisamos enfrentar?, disse Cida.
Fonte G1 Brasília