O Brasil passa pela pior seca dos últimos 94 anos e, com a chegada do calor, deve enfrentar picos mais altos de consumo. Esse cenário acende um alerta no governo para garantir a continuidade do fornecimento de energia.
Na quinta-feira (12), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reconheceu que a situação para 2025 é ?sempre uma preocupação?.
?Quando dizem o seguinte: ?2025 é preocupante? 2026 é preocupante?? Diante do cenário climático e hidrológico que vivemos hoje, sempre o ministro tem que tratar como preocupante?, disse a jornalistas, em São Paulo.
?Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a quantidade de água que chega nos rios e é usada para gerar energia está abaixo da média histórica e tem sido um ?ponto de atenção? desde dezembro de 2023.
Diante desse cenário, o governo tem lançado mão de algumas medidas e estudado outras, como o retorno do horário de verão.
Veja as medidas abaixo (clique no link para seguir o conteúdo):
- Horário de verão
- Plano de contingência
- Acionamento de termelétricas
- Vazão de Belo Monte e flexibilizações
- Operação de linhas de transmissão
Horário de verão
Nesta semana, Silveira confirmou que o governo estuda o retorno do horário de verão em 2024 para reduzir os impactos da crise hídrica sobre o sistema elétrico (veja no vídeo abaixo).
- A ideia ainda é analisada pela pasta, mas a avaliação dos técnicos do governo é de que depende de uma decisão política, e não técnica.
Ao longo dos anos, o horário de verão se mostrou pouco eficaz para economizar energia. Mas, para o Ministério de Minas e Energia, a medida poderia ajudar a deslocar o pico de consumo, que costuma ocorrer no início da noite.
Nesse horário, a geração de energia solar cai por causa da falta de sol. Ao mesmo tempo, a geração eólica sobe porque há maior incidência de ventos à noite e em determinadas épocas do ano.
No intervalo entre a queda da solar e o aumento da eólica, há um pico de consumo que precisa ser suprido por energia hidrelétrica ou térmica.
Plano de contingência
O governo determinou ao ONS a elaboração, em até 30 dias, de um plano para garantir o fornecimento de energia no horizonte de 2024 a 2026.
O plano vai conter medidas para manter o suprimento no sistema interligado nacional (SIN) e no sistema isolado de Roraima ? único que não está conectado ao restante do país.
Segundo a determinação de Silveira, o ONS também deve conter ?propostas de medidas concretas? para serem adotadas ano a ano pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) ? que reúne autoridades do setor.
Acionamento de termelétricas
O ONS tem aumentado o despacho de usinas termelétricas para suprir os horários de pico de consumo.
Na semana de 31 de agosto a 6 de setembro, por exemplo, a geração de energia por usinas termelétricas chegou ao patamar de 14%, na comparação com as outras fontes do sistema interligado. No mesmo período de 2023, a parcela era de 10,3%.
- Essas usinas garantem maior segurança ao sistema porque podem gerar de forma constante, diferente das usinas eólicas e solares, que dependem da incidência de vento e sol.
Contudo, as termelétricas são mais caras, por causa do custo de aquisição do combustível, e mais poluentes. As usinas, em sua maioria, geram energia a óleo combustível, carvão mineral e gás natural.
As usinas que estão sendo acionadas atualmente estão dentro da ?ordem de mérito? ? que determina a prioridade de despacho, levando em consideração o custo de cada usina e sua disponibilidade.
Há um outro mecanismo chamado de ?despacho fora da ordem de mérito?, que acontece quando uma usina é acionada mesmo que não esteja programa. Esse despacho geralmente é mais caro, sendo feito em último caso.
A avaliação do governo é que a crise ainda não chegou ao ponto de ser necessário acionar usinas ?fora da ordem de mérito?, mas o CMSE já autorizou o ONS a ligar duas usinas mesmo que, eventualmente, fiquem ?fora da ordem de mérito?. São as usinas Santa Cruz (RJ) e Linhares (ES).
O ONS também chegou a sugerir ao governo a antecipação da usina termelétricas contratadas, mas que ainda não entraram em operação comercial, como a Termopernambuco.
Segundo o ONS, essa usina poderia ser antecipada para a partir de outubro de 2024. O início de sua operação está previsto para 2026. Ainda não há definição sobre essa medida.
Vazão de Belo Monte e flexibilizações
Em sua última reunião, no dia 3 de setembro, o CMSE decidiu autorizar uma articulação com o Ibama para alterar os limites mínimos de vazão nos reservatórios da usina hidrelétrica de Belo Monte.
A medida tem o objetivo de ?economizar? a água da usina para gerar energia em momentos de pico de consumo. Ou seja, Belo Monte teria uma vazão menor em alguns horários do dia, para ?guardar? água, e maior em outros de acordo com a necessidade.
O comitê também permitiu que o ONS flexibilize alguns critérios de desempenho e segurança do sistema interligado para manter o suprimento de energia pelo sistema elétrico em setembro, outubro e novembro ? meses considerados mais críticos.
Operação de linhas de transmissão
O governo também considera articular a entrada em operação de três linhas de transmissão para garantir o escoamento de energia nos meses de setembro a dezembro deste ano.
O sistema elétrico é organizado em geração, transmissão e distribuição. As usinas geradoras de energia se conectam à rede de transmissão, que corta o país e é operada pelo ONS.
As linhas de transmissão citadas pelo governo são:
- Porto do Sergipe ? Olindina ? Sapeaçu, entre os estados de Sergipe e Bahia. A linha está prevista para outubro, mas está pendente de licença de operação do Ibama;
- Terminal Rio ? Lagos, no Rio de Janeiro. A linha está prevista para novembro de 2024;
- Leopoldina 2 ? Lagos, no Rio de Janeiro.
Fonte G1 Brasília