Há mais em jogo nos EUA do que a simples escolha do próximo presidente, daqui a duas semanas. Em sua 15ª edição, a Pesquisa Anual de Valores Americanos revela um panorama sombrio sobre os rumos do país no período pós-eleitoral, traduzindo a atmosfera divisiva do país.
A maioria dos entrevistados diz rejeitar a violência política, mas 29% dos republicanos acreditam que os verdadeiros patriotas americanos podem ter que recorrer a ela para salvar o país.
Quase um em cada cinco republicanos defende que se o ex-presidente Donald Trump for derrotado, ele deve declarar o resultado inválido e fazer o que for preciso para assumir o cargo. Entre os democratas, 12% acham que Kamala Harris deve agir de forma semelhante.
Os resultados assustam, mas não surpreendem, dado que, quatro anos depois da derrota de 2020, o ex-presidente Donald Trump e sua claque ainda alardeiam, sem provas, distintas teorias sobre fraude eleitoral. O candidato republicano diz que aceitará o resultado das urnas, mas costuma ressaltar que somente se forem justos.
Realizada pelo Public Religion Research Institute (PRRI) em parceria com a Brookings Institution, a pesquisa ouviu 5 mil adultos nos 50 estados e no Distrito de Washington e traça o humor dos americanos diante da disputa eleitoral mais concorrida.
O público americano está igualmente dividido (49% x 48%) sobre se há um perigo real de que Trump use a presidência para se tornar um ditador.
A pesquisa, contudo, constata que os republicanos continuam mais inclinados a apoiar o autoritarismo e a violência política do que os democratas. O termo patriota, para justificar a violência, aparece frequentemente entre nacionalistas cristãos.
No entender de Robert Jones, presidente e fundador do PRRI, essas descobertas servem como um aviso importante nesta temporada eleitoral, que terá consequências para a saúde da democracia americana: ?Entre os republicanos, 19% dizem que apoiam Trump a assumir o cargo pela força se ele perder a eleição?, observa.
Outro dado importante, o da disseminação da desinformação, reforça essa crença: os americanos que confiam em veículos de notícias conservadores (41%) são os mais propensos a apoiar a violência política, seguidos por 30% dos que mais confiam na Fox News, 18% dos que não se informam por noticiários na TV e 13% dos que confiam e assistem às notícias da TV convencional.
Fonte G1 Brasília