A promessa era clara, quase uma cena de faroeste. Mauro Mendes, com o dedo em riste, decretou: “Se não reagirem em 10 dias, o bicho vai pegar”. O consórcio das obras do BRT, que mais parece um fusquinha com o motor enguiçado, balançou a cabeça e devolveu justificativas dignas de um aluno atrasado entregando a lição. Passaram-se os 10 dias. E ontem, ao invés de leões rugindo, tivemos o silêncio constrangedor de um gato de sofá. Nem bicho, nem pegada.
O governador, sempre ágil em cobrar, ironizou os argumentos do consórcio como quem se recusa a ouvir o “cachorro comeu meu dever de casa”. Mas a verdade é que o atraso nas obras já virou mais uma novela mato-grossense, com capítulos intermináveis de promessas e frustrações. E o povo? Assiste, impotente, como se esse caos fosse um castigo divino por terem arrancado o VLT – um projeto que, apesar de suas próprias polêmicas, era mais moderno e, convenhamos, muito melhor para a população.
E agora, quem pega quem? Mendes pode até ter amarelado diante da tréplica do consórcio, mas o consórcio também não saiu como herói. Ficamos no teatro da inação, onde ameaças viram discursos, discursos viram poeira, e o BRT, bom, continua no mesmo ritmo do velho VLT: uma sigla que ninguém entende, mas que todo mundo reclama.
No fim, o “bicho” prometido não pegou ninguém. Nem consórcio, nem governador. Quem realmente pega é o cidadão, aquele que segue preso no trânsito enquanto assiste de longe a eterna queda de braço entre quem constrói e quem manda construir. Por aqui, a única coisa rápida parece ser a velocidade com que a paciência do povo se esgota.