O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, classificou nesta sexta-feira (15), em entrevista à GloboNews, como uma ?agressão? ao governo brasileiro e um gesto de ?profunda hostilidade? a decisão dos Estados Unidos de cancelar os vistos de familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
?Acho um total absurdo. Falo em meu nome, como ex-ministro da Defesa e conselheiro do presidente. Você está punindo um ministro brasileiro ? o que já é um gesto inamistoso ? e, ainda por cima, com profundo grau de hostilidade. Cancelar o visto de um ministro de outro país é algo inaceitável?, afirmou.
Amorim também defendeu o programa Mais Médicos, motivo das recentes sanções do governo Donald Trump contra autoridades brasileiras, incluindo Padilha. Para ele, a medida é ?ainda mais absurda? por atingir uma política de caráter humanitário.
?Você pode concordar ou não com o Mais Médicos, mas era uma iniciativa humanitária e nacional, voltada a melhorar a saúde da população. É tão absurdo que é até difícil de expressar? Não sei se o objetivo é punir o Brasil ou provocar uma reação nossa?, disse.
O assessor prosseguiu: ?Acho isso uma grosseria. Padilha é ministro, já ocupou vários cargos, é médico. Não tem lógica. É uma sucessão de absurdos?.
Segundo revelou o blog de Julia Dualibi, os EUA cancelaram o visto da mulher e da filha de 10 anos de Padilha. Ambas estão no Brasil. O ministro, cujo visto já estava vencido, não foi diretamente afetado.
A família foi comunicada da decisão nesta manhã pelo Consulado-Geral dos Estados Unidos em São Paulo.
Mais cedo, na GloboNews, Padilha criticou a medida e lembrou que a filha sequer havia nascido quando o Mais Médicos foi criado.
?As pessoas que fazem isso e o clã Bolsonaro, que orquestra isso, precisam explicar ? não só para mim ou para o Brasil, mas para o mundo ? qual risco uma criança de 10 anos representa para o governo americano. Estou absolutamente indignado com essa atitude covarde?, disse o ministro.
Além de Padilha, o governo americano revogou nesta semana os vistos de Mozart Júlio Tabosa Sales, secretário do Ministério da Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor de relações internacionais da pasta e coordenador-geral da COP30.
Antes deles, sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também foram atingidos por medidas de cancelamento de visto.
Fonte G1 Brasília