O governo desistiu da ideia de criar uma agência de combate ao crime organizado como estava previsto no texto inicial do projeto de lei que será enviado ao Congresso Nacional, chamado internamente como Plano Real da Segurança Pública.
O fator mais importante para o governo abrir mão da ideia foi a pressão da Polícia Federal (PF), que perderia força com a criação da agência.
Além disso, havia dúvidas sobre a constitucionalidade da medida e, ainda, passaria a ideia de que o governo não está preocupado nem com a reforma administrativa, nem com a responsabilidade fiscal — já que isso demandaria mais gastos públicos.
O tema foi debatido no sindicato dos delegados da polícia federal, mas a diretoria não chegou a um consenso. O presidente do sindicato, Atonio Ordacgy, é uma voz dissonante e é favorável à criação da agência desde que ela fique subordinada à PF.
“Não posso dar uma posição em nome do sindicato. Eu pessoalmente penso que é imprescindível uma medida dessa natureza. Não sei se essa autoridade deve necessariamente ficar fora da PF e gerar mais uma estrutura, mais gastos e mais vícios como sempre acontece, ou se poderia ser designado dentro dos quadros da própria PF para um mandato temporário e usar a estrutura da instituição”, afirmou Ordacgy ao blog.
Muitos delegados usaram a palavra ‘afronta a PF’ para definir o projeto. Eles veem na agência uma ampliação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate Especial), estrutura do Ministério Público que historicamente sempre teve briga de poder com as polícias.
Fonte G1 Brasília