A pré-candidata do MDB à Presidência da República, senadora Simone Tebet (MS), afirmou nesta segunda-feira (25) que o plano de governo de sua campanha, se homologada pelo partido, será baseada em um “tripé” composto por “economia verde”, agenda social e “governo afetivo”.
“Nós temos que fazer o desenvolvimento sustentável, e economia verde é um dos tripés do nosso plano de governo. Temos um tripé muito claro, portanto, três grandes pernas a sustentar o nosso programa de governo”, declarou.
“Um [lado] é social, que já falamos da fome, da miséria, da desigualdade ? de um lado, transferência de renda; outro lado, educação de qualidade, com a União cuidando do ensino infantil e do ensino médio. Do outro lado, um governo afetivo, parceiro da iniciativa privada, que não vê o empresariado como adversário. E o terceiro é economia verde, desenvolvimento sustentável”.
A declaração foi dada na sabatina da “Central das Eleições”, da GloboNews. O programa entrevistará também os candidatos André Janones (Avante), nesta terça (26), e Ciro Gomes (PDT), nesta quarta-feira (27).
Os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PP) também foram convidados, mas não confirmaram presença no prazo estipulado em reunião.
Tebet também disse estar “tranquila” sobre a confirmação de sua candidatura pelo MDB ? a chapa também deve ser apoiada pela federação PSDB-Cidadania ?, mesmo com contestações internas de alas do partido pró-Lula e pró-Bolsonaro.
“É uma ala minoritária do MDB que sempre esteve com o Lula. […] Como é que você vai exigir menos dessas pessoas? Eles foram ministros do presidente Lula, há de se entender que hoje eles façam uma opção nesse primeiro turno pelo presidente Lula. Isso é democracia, sem nenhum problema. Agora, é minoritário, é a minoria da minoria do MDB”, disse.
Mais temas
Veja, abaixo, o que Simone Tebet disse sobre outros temas durante a sabatina:
Economia sustentável
“Vamos apresentar um programa de economia sustentável, especialmente voltada para o mercado de crédito de carbono, que é uma coisa muito difícil. Tenho conversado com muitos especialistas e nós temos que fazer um programa muito eficiente nesse aspecto, com regulamento muito claro, para evitar que algumas pessoas se aproveitem dessa situação para ganhar dinheiro.”
Forças Armadas e Amazônia
“Primeiro que eles têm expertise e eles têm todo o interesse. Se tem um setor que fala e fala com orgulho da Amazônia são as Forças Armadas. Fazem um trabalho excepcional, em relação, inclusive, ao Pantanal e ao combate ao incêndio. Não dá para jogar responsabilidade numa instituição com a credibilidade das Forças Armadas. À medida em que se ela não tiver estrutura necessária, ela não vai fazer, não. Não sei em que condições você está fazendo essa crítica às Forças Armadas.”
Disputas por apoio no primeiro turno
“Aqueles que entendem que tem que escolher um lado, eu tenho que compreender, só preciso de um caixote e de um palanque. Eu posso andar na rua porque sou ficha limpa. Eu posso conversar no olho no olho do eleitor e dizer o que eu quero”.
“Uma vez homologada, só eu posso retirar a minha candidatura. De forma alguma [eu retiro minha candidatura]. Não há a menor possibilidade neste sentido. […] O Brasil, o que está levando o brasil para o abismo, é essa polarização ideológica, de ódio, de nós contra eles, que começou no governo passada e que é acirrada neste governo”.
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Diversidade no primeiro escalão
“Quando eu dei a primeira coletiva como pré-candidata, assim que o Cidadania veio conosco nessa frente, ‘serei candidata pelo MDB, Cidadania e PSDB’. A primeira medida é que nosso ministério vai ser paritário.”
Candidato a vice
“A questão de vice é indicação do PSDB. Faz parte do programa e sei que vai apresentar à nossa coligação o melhor nome. Tasso está pronto para ser vice, se for a vontade do partido e se for esse o melhor projeto. Tasso é um irmão político que eu tenho, é uma das poucas boas coisas que me aconteceu nos últimos anos na vida política […] Então, Tasso estará ou como vice, ou no palanque, ou como coordenador da nossa campanha.”
Impeachment de Dilma
“Eu estava lá. Era impeachment ou caos. Os elementos estavam ali, pedaladas fiscais e contabilidade criativa. A decisão era política? É verdade. Votou errado quem votou a favor do impeachment? Não, era uma decisão política. Votou errado quem votou contra o impeachment? Não, era uma decisão política. A decisão política foi tomada. Foi tomada com fundamento jurídico que estava previsto na Constituição e inclusive isso foi confirmado pela própria Justiça. […] O processo foi feito porque ali havia elementos muito claros de crime de responsabilidade.”
‘Orçamento secreto’
“[Vamos enfrentar] Com transparência. Quando nós mostrarmos para os próprios congressistas que só meia dúzia leva mais de 50% ? estou chutando aqui porque eu não conheço o orçamento secreto, eu não recebi o orçamento secreto, eu fui a principal vítima do orçamento secreto. Eu disputei uma eleição para a presidência do Senado e perdi porque ali se comprou consciências. […] Vivenciei e vi ali que a divisão desse bolo do orçamento secreto foi distribuída de forma totalmente desproporcional. Quando demos transparência para sociedade e para os parlamentares, eles mesmos vão falar: ‘Opa, isso não nos interessa mais’.”
Atuação de Augusto Aras na PGR
“Com todo o respeito ao procurador-geral da República, mas ele desonra uma instituição tão séria e importante como o Ministério Público. Essa foi uma das razões por que não votei em Augusto Aras na sua reeleição. Fiquei extremamente incomodada, um PGR que tem um papel de fiscalizar e controlar os atos das autoridades públicas, os meus atos, os do Congresso Nacional, assume um órgão tão importante, de tamanha independência, e tenha senhor, tenha dono. Isso faz um mal danado para a democracia, especialmente para a população brasileira.”
Imagem do Brasil no exterior
“Trocar o presidente da República [é o projeto para recuperar a imagem do Brasil]. Primeira coisa, é demonstrar agora que não somos nem pensamos como o presidente da República. Ele envergonha o Brasil perante o mundo, quando atrai embaixadores ? em vez de falar de relações exteriores, de problemas que assolam o mundo, a recessão, a guerra, o que é impacto dessa guerra na recessão e na miserabilidade das pessoas ? para fazer um ataque institucional aos poderes. Então é trocar, não tem outra, na hora que trocarmos o presidente estamos dando a verdadeira resposta para o mundo, de que vivemos em uma democracia, que é sólida, tem seus valores. E que nós amamos a democracia, e respeitamos os valores democráticos, e estamos prontos para defendê-los: imprensa livre, harmonia entre os poderes, e soberania popular. Trocar o presidente resolve a questão.”
Relação entre Lira e Bolsonaro
“A resposta está dada. O silêncio é a resposta que não queríamos ouvir, mas é a comprovação daquilo que falamos sobre orçamento secreto, sobre o porquê, nesse sistema hoje, de dinheiro público na mão de meia dúzia, faz tão mal ao Brasil. Agora, vamos falar dos que não se calaram. Eu fui a primeira, junto com o PSDB, o MDB e o Cidadania, entregamos um manifesto ao TSE de paz nas eleições, pacto de não agressão entre os candidatos, porque não interessa à democracia a fake news. E que iremos acatar o resultado das urnas, porque confiamos na isenção do TSE.”
Violência política
“Já está acontecendo e, lamentavelmente, acredito que vai piorar porque temos uma polarização ideológica, é importante reconhecer que começou na gestão passada, no governo do PT, no ?nós contra eles?. Obviamente que foi exacerbada, exagerada e acrescida com o governo de Bolsonaro. Um se alimenta do ódio do outro. Nesse aspecto, eles são dois lados da mesma moeda. Sim, lamentavelmente vai piorar.”
Voto a favor da PEC Kamikaze
“[Votei] porque eu sou mãe. Eu não posso, andando o Brasil como estou andando, me dar ao direito de permitir que não chegue imediatamente para as famílias brasileiras que têm seus filhos passando fome, a alimentação necessária para que nós tenhamos já a partir do ano que vem crianças com a formação por conta do alimento físico e mental, com força para aprender quando assumirmos a presidência. Não estamos falando de um dia e de uma semana. Estamos muito distantes de 2023 para quem passa fome. Estamos falando de crianças. Eu não podia não votar o Auxílio Brasil de R$ 600.”
Forças Armadas e política
“Temos que tomar o cuidado e não podemos admitir a politização das Forças Armadas e nem da Polícia Militar. Isso é algo que é muito importante. Isso não significa que não tenha que ter e que não possamos ter militares na política. São coisas distintas. Não podemos é contaminar os quartéis. Mas os quartéis podem estar ao nosso lado, ajudando a servir o Brasil. Isso é muito claro. Depende muito da postura do presidente, ele que dá o tom. Ele que diz, ele que tem a caneta na mão. Ele que indica ministros, que comanda, que dá coordenadas.”
“Eu não consigo enxergar as Forças Armadas, não são essas as Forças Armadas brasileiras. É uma meia dúzia e o governo se cerca dessa meia dúzia para, através dela, dizer que está falando em nome das Forças Armadas. Eu vejo, sim, uns aposentados, os generais, alguns de pijama, alguns desses que possam cair nessa narrativa equivocada. Mas nada que um novo presidente, uma nova presidente, não possa dentro do diálogo, trazer à razão mesmo esses que estão contaminados com esse discurso de ódio, polarizado, equivocado, que não atende aos interesses do Brasil.”
Política de gênero
“Do lado de cá do balcão, como presidente da República, nós vamos colocar o ministério paritário de homens e mulheres. Isso já faz a diferença. O problema é: se eu criar o Ministério da Mulher, ele vai ficar esvaziado, é natural isso por conta das crises do Orçamento. O próprio Congresso acaba esvaziando. Eu prefiro dizer que nós vamos ter metade mulheres, metade homens. E vai ter uma secretaria da Criança e do Adolescente na minha mesa. Quem vai comandar a secretaria vou ser eu. Porque 60% da violência doméstica, dos estupros, não são contra mulheres, são contra crianças de 0 a 12, 13 anos. Então, porque essa secretaria na minha mesa, porque ela vai ter transversalidade. Tudo o que for feito, o que a união está fazendo com estados e municípios, eu quero saber o que está sendo feito. Na assistência social, no programa de transferência de renda, do empreendedorismo focado para mulher com mais filhos. Tudo vai ter como foco preparar para que as nossas crianças e jovens tenham preparo para serem cidadãos do futuro.”
“Eu sofri abuso, nesse sentido do assédio sexual. Só que eu, não me traumatizou porque eu tinha uma condição social e me permitiu rapidamente sair. Pedi para sair, meu pai não entendeu até hoje. Faleceu sem entender. Eu tinha acabado de sair de um local e ir para outro. Era uma jovem de 19 anos e não tinha coragem de dizer para o meu pai a razão. Porque como eu ia explicar um negócio que nem eu entendia. Só que eu não tive trauma porque eu tive a oportunidade de sair, não me causava um problema financeiro. Hoje as mulheres têm que fazer uma triste escolha na sua vida, ou ela suporta o máximo possível esse assédio e coloca comida na mesa. Ou ela pede para sair e ela não sabe se vai ter depois um emprego e com isso garantir o sustento da família. Então, essa é o tipo de política que precisa ser implementada. […] Se eu pudesse escolher um projeto que gostaria de ver implantado é da igualdade salarial entre homens e mulheres na iniciativa privada. A resposta está na independência financeira da mulher.”
Educação
“Já temos dinheiro para isso, porque aumentamos a participação da União no Fundeb. A questão não é dinheiro. Primeiro é acabar com o cemitério de obras na educação. Tem muitas creches paralisadas no Brasil ? no meu estado e fora ? que estão prontas para serem terminadas, só não tem vontade política para isso. Precisam ser terminadas. A União precisa entender, de uma vez por todas, que o Brasil depende da educação para ter futuro. Temos que parar com esse equívoco de governos que empurram para terceiros. Educação infantil, educação fundamental e de ensino médio não é de responsabilidade exclusiva de estados e municípios. A União tem que coordenar isso com os municípios.”
Saúde
“Temos que fazer um plano nacional de desenvolvimento regional, que vai servir para todas as áreas. Nesse plano nacional de desenvolvimento regional tem que estar muito clara as deficiências de cada região na parte de políticas públicas. Uma delas é a saúde. Como é que se resolve esse problema? É justamente pegando o orçamento para resolver na questão do desenvolvimento regional, na parte de deficiência de saúde de cada região e colocando a União como colaboradora, inclusive, financeira. Fazendo e permitindo com que a União possa colocar em determinados municípios e em determinadas regiões um recurso, um aporte para que os municípios possam contratar.”
“Não é falta de médico, é falta de condições financeiras de levar esse médico para o interior. A União tem que voltar a investir, tem que voltar a bancar 50% dos investimentos com saúde pública no Brasil. Hoje, investe algo em torno de 40%.”
Lista tríplice da PGR
“Primeiro, honrar a lista tríplice da PGR e dizer que vou escolher entre os três. De preferência, o primeiro, a não ser, salvo raríssimas exceções, pode ser o segundo, mas dentro da lista. E dar autonomia. O PGR tem autonomia constitucional para fiscalizar os atos das autoridades públicas, porque, com isso, você faz a investigação no tempo certo e dá resposta à população.”
Lava Jato
“A Lava Jato foi importante para o Brasil, mas ela cometeu excessos. Eu sou advogada, não posso esconder isso. Ao cometer esses excessos, ela acabou se diminuindo diante da opinião pública, e fez com que alguns maus políticos se beneficiassem disso para tentar aprovar uma legislação que afrouxasse o sistema de punição no Brasil. Ela deixou um legado. E vai continuar a deixar um legado. Porque às vezes acha que a Lava Jato é um daqueles casos que investigaram presidente, mas ela permeia toda a justiça brasileira. Eu acredito que, no seu devido tempo, ela vai se repaginar, fazendo o seu dever de ofício, e cumprindo a Constituição e o devido processo legal”.
Reeleição
“Eu, que já acreditei na reeleição, sou absolutamente contra a reeleição no Brasil. Todos os governos que passaram, lamentavelmente, nos últimos um ano e meio, um ano, de governo fez de tudo e mais um pouco. Um quase quebrou uma estatal. A outra, da mesma forma ? uma no setor de petróleo; a outra, setor de energia elétrica. Este governo ampliando a aposta, criando PECs sem nenhum compromisso fiscal, deixando a conta para o próximo ano”.
Fonte G1 Brasília