REDES SOCIAIS

24°C

Trama golpista: em mais de 100 dias de julgamentos, 1ª Turma do STF absolveu 2 e condenou 29 réus

Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email

Em três meses de julgamentos, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu dois acusados e condenou 29 réus, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, por participação na chamada trama golpista. 

Os últimos cinco réus julgados em 2025 foram condenados nesta terça-feira (16) e integravam o chamado núcleo 2 ? responsável pelo gerenciamento das principais ações golpistas para manter o ex-presidente no poder mesmo após a derrota nas eleições de 2022.. 

Bolsonaro foi considerado o líder da organização criminosa e recebeu a maior punição, 27 anos e três meses de prisão.

Foi a primeira vez que um ex-presidente foi condenado e preso por atentar contra a democracia. Assim como, também pela primeira vez na história, militares de alta patente foram condenados e presos por golpe de Estado.

@media (min-width: 768px) {
.cxm-block-video__container–vertical #wp3-player-8b4qo .clappr-player .poster__play-wrapper > svg {
width: 50%;
height: 50%;
}
}

A Primeira Turma entendeu que ficou comprovado, a partir da atuação de uma organização criminosa, que Bolsonaro:

  • agiu para minar a confiança da sociedade nas urnas eletrônicas;
  • pressionou militares para aderirem à ruptura institucional;
  • usou a máquina pública contra adversários, num esquema que envolveu espionagem ilegal e disseminou dados falsos, além de ter atacado o judiciário;
  • traçou planos golpistas que previam até a prisão e morte de autoridades.

Esses atos, no entendimento do Supremo, culminaram nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes em Brasília.

“[Foi realizado] um trabalho detalhado para que não houvesse nenhuma dúvida, dentro do que estamos fazendo até hoje dentro do devido processo legal, nenhuma dúvida sobre a necessidade de realmente responsabilizar os golpistas, uma vez que jamais na história do Brasil nenhum golpista havia sido responsabilizado”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. 

A maioria dos réus foi condenada por cinco crimes:

  1. tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  2. golpe de Estado;
  3. participação em organização criminosa armada;
  4. dano qualificado; e
  5. deterioração de patrimônio tombado

As penas vão de 1 ano e 11 meses a 27 anos e três meses de prisão.

?11 de setembro 

  • Condenados do núcleo crucial

O núcleo crucial foi considerado o responsável pelo planejamento e articulação dos atos golpistas. Além de Bolsonaro, foram condenados:

  1. Alexandre Ramagem (deputado e ex-diretor da Abin)
  2. Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
  3. Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública)
  4. Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
  5. Mauro Cid (ex-ajudante de ordens do presidente)
  6. Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
  7. Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil)

Em 25 de novembro, o Supremo considerou que se esgotaram as chances de recursos contra a condenação e determinou o início da execução das penas, com a prisão dos condenados. 

Apenas o deputado Alexandre Ramagem não foi preso porque fugiu para os Estados Unidos. Moraes determinou o início do processo de extradição do deputado. Segundo aliados, ele deve buscar asilo nos Estados Unidos.  

?21 de outubro 

  • Condenados do núcleo 4

O núcleo da desinformação desempenhou ações essenciais para articular a tentativa de golpe, elaborando e disseminando informações falsas, além de atacarem autoridades para tentar provocar uma ruptura institucional

Foram condenados:

  1. Ailton Moraes Barros (ex-major do Exército)
  2. Ângelo Denicoli (major da reserva do Exército)
  3. Giancarlo Rodrigues (subtenente do Exército)
  4. Guilherme Almeida (tenente-coronel do Exército)
  5. Reginaldo Abreu (coronel do Exército)
  6. Marcelo Bormevet (agente da Polícia Federal)
  7. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha (presidente do Instituto Voto Legal)

?18 de novembro 

  • Condenados do núcleo 3

Esse grupo atuou para a ruptura institucional, com planos e ações para monitorar e até assassinar autoridades como o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmin. Entre eles, militares das forças especiais, chamados de kids pretos:

  1. Bernardo Romão Correa Netto (coronel do Exército)
  2. Fabrício Moreira de Bastos (coronel do Exército)
  3. Márcio Nunes de Resende Jr. (coronel do Exército) – pode negociar acordo com a PGR, caso confesse o crime
  4. Hélio Ferreira Lima (tenente-coronel do Exército)
  5. Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel do Exército)
  6. Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel do Exército)
  7. Ronald Ferreira de Araújo Jr. (tenente-coronel do Exército) – pode negociar acordo com a PGR, caso confesse o crime
  8. Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel do Exército)
  9. Wladimir Matos Soares (agente da Polícia Federal)

?16 de dezembro

  • Condenados do núcleo 2

 Os condenados teriam atuado no gerenciamento das principais ações golpistas da organização

  1. Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência;
  2. Marcelo Costa Câmara, coronel da reserva e ex-assessor de Jair Bolsonaro;
  3. Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça  ? foi condenada em 2 dos cinco crimes imputados
  4. Mário Fernandes, general da reserva do Exército;
  5. Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal.

Paulo Figueiredo

Em fevereiro, a Procuradoria-Geral da República denunciou ao Supremo 34 acusados em 5 núcleos. A Primeira Turma rejeitou a denúncia contra dois acusados por falta de provas concretas.

Um terceiro acusado ainda não teve a denúncia analisada. Isso porque Paulo Figueiredo mora nos Estados Unidos e não foi notificado ainda para apresentar defesa ? etapa necessária para que os ministros possam decidir se tornam um acusado réu ou não. Não há data para esse julgamento.

‘Verdadeira organização criminosa’, diz Moraes

Durante julgamento nesta terça, Moraes disse que o Brasil não pode admitir que pessoas tentem “encerrar a fase democrática” retomada na década de 1980, após 21 anos de ditadura.

“A reprovabilidade dos crimes e a fixação das penas, com finalidade preventiva, devem deixar muito claro que não é mais possível que se tome de assalto o Estado brasileiro ? o Ministério da Justiça, o Ministério da Defesa, o Gabinete de Segurança Institucional, a Abin, a cúpula da Polícia Rodoviária Federal ? para que um determinado grupo, que, repito, transformou-se em uma verdadeira organização criminosa, tente se manter no poder eternamente”, concluiu.

Fonte G1 Brasília

VÍDEOS EM DESTAQUE

ÚLTIMAS NOTÍCIAS