Terminou na tarde desta quinta-feira (25) a cirurgia para o tratamento de uma hérnia inguinal bilateral no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O procedimento foi pedido pela defesa e autorizado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na terça-feira (23). A operação durou cerca de 3h30.
“Cirurgia finalizada com sucesso. Sem intercorrências. Agora é aguardar o retorno da anestesia”, comemorou a companheira do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, pelas redes sociais.
Após uma perícia médica foi constatada a necessidade de realizar uma cirurgia em Bolsonaro.
O ex-presidente foi transferido da superintendência para internação no Hospital DF Star em Brasília na quarta (24).
O que é hérnia inguinal?
Quando isso ocorre dos dois lados, ela é chamada de bilateral. A hérnia inguinal bilateral pode causar inchaço, dor ou desconforto, especialmente ao fazer esforço, tossir ou ficar muito tempo em pé ? embora às vezes seja assintomática.
Os peritos também analisaram o quadro de soluços de Bolsonaro, uma das principais queixas de saúde do ex-presidente, e avaliaram que o bloqueio do nervo frênico é uma medida tecnicamente adequada e deve ser feito o quanto antes.
? Bloqueio do nervo frênico: é um procedimento que reduz temporariamente a atividade do nervo que controla o diafragma, ajudando a interromper soluços persistentes. Ele é feito com anestesia local, por meio da aplicação de um medicamento próximo ao nervo, geralmente guiada por ultrassom.
O procedimento é indicado apenas quando os soluços não respondem a tratamentos comuns e causam impacto clínico relevante.
Contexto do ex-presidente
O médico Ricardo Katayose, cirurgião cardiovascular da BP, explicou ao g1 que, para entender a hérnia, é preciso imaginar como essa parede abdominal da virilha é construída.
? O médico explica que o abdômen não é um espaço vazio: ele é formado por camadas sobre camadas ? primeiro a pele, depois a gordura, em seguida a musculatura, e logo abaixo uma membrana rígida chamada aponeurose, que funciona como uma espécie de ?armadura? para proteger as vísceras.
Atrás dessa camada de tecido existe o peritônio, uma película fina e lubrificada que reveste a parte interna do abdômen e permite que o intestino se mova livremente, sem atrito.
Isso é essencial porque o intestino está sempre em movimento para empurrar os alimentos durante a digestão, e até ações simples do dia a dia ? como caminhar, respirar ou mudar de posição ? ajudam esse funcionamento natural.
O problema começa quando essas camadas são rompidas, seja por cirurgias anteriores, seja por traumas. Toda vez que uma intervenção atravessa essas camadas, o corpo forma cicatrizes internas, chamadas aderências.
Elas podem fazer com que uma alça do intestino ?grude? na outra ou se cole à parede abdominal. Essas aderências podem alterar o trânsito intestinal e, com o tempo, enfraquecer a aponeurose.
Como essa membrana é uma das principais estruturas que limitam o espaço onde o intestino deve ficar, qualquer perda de resistência ali facilita que ele avance para fora. No caso das hérnias, é exatamente isso que acontece.
O intestino procura qualquer brecha e ocupa aquele espaço. Às vezes, ele entra, mas não consegue sair ? é o chamado encarceramento. É como se a alça passasse por um anel apertado: ela escapa, mas depois fica presa, incapaz de retornar à cavidade abdominal.
Na hérnia inguinal, essa projeção acontece no assoalho pélvico e pode até descer em direção ao escroto.
Quando o abdômen já foi muito manipulado, como no caso do ex-presidente, as aderências e as fibroses tornam a região mais rígida e irregular. Isso dificulta tanto a circulação normal do intestino quanto sua acomodação dentro da cavidade, o que pode contribuir para sintomas como soluços persistentes.
O sistema digestivo funciona como um tubo contínuo ? da boca ao ânus ? e qualquer prejuízo no trânsito intestinal pode gerar reflexos a distância, inclusive na região do diafragma, onde o soluço é desencadeado.
Fonte G1 Brasília