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A angústia dos moradores de Lysychansk, no leste da Ucrânia

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Com os olhos vermelhos, Maksim Katerin mostra sepulturas cavadas recentemente no jardim para sua mãe e seu padrasto, mortos em bombardeios russos na cidade de Lysychansk, no leste da Ucrânia. No domingo (12) à tarde, um obus destruiu o jardim da residência de de Maksim e matou na hora sua mãe, Natalia, e o marido dela, Mikola, ambos de 65 anos.

Desde então, moradores da cidade, atingida pelos ataques da Rússia, não têm mais acesso à água potável, nem à energia elétrica ou rede de telefonia. Lysychansk e a vizinha Severodonetsk são cruciais para o avanço russo em direção à capital da região do Donbass que permanece sob controle de Kiev, Kramatorsk.

Há vários dias, a artilharia ucraniana está posicionada nas áreas elevada da cidade para atacar as tropas inimigas em Severodonetsk, ou outro lado do rio Donets e já controlada em grande parte pelos russos.

“Aqui estão seus túmulos. A bomba caiu exatamente aqui”, afirma Katerin, apontando para uma área do jardim. “Não sei quem fez isto, mas se soubesse eu arrancaria os braços da pessoa”, completa.

Sua vizinha, Yevgueniya Panicheva, não consegue conter as lágrimas. Ela conta que a mãe Maksim “estava deitada lá com o estômago rasgado. Era possível ver os intestinos. Ela era uma mulher gentil e prestativa”.

“Quem fez isto? Bombardeiam e bombardeiam e não sabemos o que fazer”, lamenta.

Os dois não foram os únicos moradores de Lysychansk que morreram de maneira trágica no domingo: um menino de seis anos também morreu, anunciou a polícia local, que divulgou uma foto da cratera provocada pelo bombardeio fatídico.

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Uma cidade de quase 100.000 habitantes antes da guerra, Lysychansk está praticamente deserta atualmente. Nas ruas, cabos de energia elétrica cortados estão pendurados nos postes, lojas foram completamente incendiadas e alguns imóveis ainda têm a fumaça de algum ataque.

‘Caos’

Um policial descreve a situação em uma palavra: “caos”. “Os russos bombardeiam o centro sem trégua”, afirma. “Acontece o dia todo, não para nunca”, afirma outro agente da força de segurança.

“A cada dia os bombardeios ficam mais intensos”, confirma Oleskandr Pokhna, tenente-coronel das forças especiais da polícia da região de Lugansk, onde fica Lysychansk.

Durante visita ao local, correspondentes da agência de notícias France Presse ouviram os barulhos incessantes dos bombardeios. Na entrada da cidade, crateras podem ser observadas na estrada e uma bomba de fragmentação. Um edifício que abrigava um posto de controle está em chamas.

Os poucos habitantes que se arriscam a sair de casa, a pé ou de bicicleta, formam fila para obter uma água esverdeada no quartel dos bombeiros.

Para estas pessoas é impossível deixar a cidade por falta de dinheiro ou pela presença de parentes e animais domésticos que não imaginam abandonar, explicam. “Temos gêmeos de cinco anos, então não podemos seguir para qualquer lugar”, afirma Serguei, operário do setor metalúrgico. “Então esperamos sentados no porão”.

Outros aguardam a retomada das negociações de paz entre Ucrânia e Rússia para o fim da guerra. “Não podemos chegar a um acordo? Precisamos de um esforço para conseguir”, disse Galina.


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Para muitos moradores de Lysychansk, isolados do mundo e de todas as informações há várias semanas, são os ucranianos que bombardeiam a cidade. “Não nos consideram seres humanos. Eles nos tratam como separatistas pró-Rússia”, acrescenta a mulher furiosa que se recusa a revelar o sobrenome.

Um idoso concorda com a cabeça: “E, no entanto, eles eram nosso povo, os ucranianos.

Nesta região do leste da Ucrânia majoritariamente de língua russa, muitas pessoas se sentem mais próximas de Moscou do que de Kiev.

Fonte G1 Brasília

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