Ciro Gomes, conhecido por sua longa trajetória política, que inclui ser governador do Ceará e ministro da Fazenda, surge novamente com propostas que prometem sacudir as bases do sistema econômico brasileiro. Em recente declaração, Ciro apresentou uma solução para resolver o déficit público sem aumentar a carga tributária sobre a maioria da população. O centro de sua proposta: cobrar um imposto anual de 1% sobre os patrimônios acima de R$ 20 milhões, afetando um grupo estimado em 56 mil pessoas físicas. Um cálculo direto, quase trivial, que, segundo ele, eliminaria o buraco fiscal do país.
A simplicidade da ideia esconde uma contundente crítica ao que Ciro chama de “captura do poder político pelo mercado financeiro”. Ele sustenta que, para evitar a evasão de capital, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para remessas ao exterior deveria ser ajustado para 1,5%, igualando-se à alíquota do imposto sobre patrimônio. A lógica é cristalina: quem quiser transferir recursos para fora enfrentará o mesmo ônus que pagaria por mantê-los no Brasil. Para Ciro, a resistência a essa medida não é técnica, mas política, já que o mercado financeiro detém um controle sufocante sobre as decisões de Brasília.
Essa ousadia ecoa a postura que marcou sua atuação como ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, quando Ciro enfrentou elites econômicas ao tentar estabilizar a economia no conturbado início do Plano Real. Agora, em um momento de crescentes desigualdades, ele volta a mirar na elite econômica, propondo que uma pequena parcela dos ultra-ricos contribua mais para aliviar as contas públicas. Sua retórica mantém o tom incendiário, mas desta vez com uma solução prática, embasada em números que prometem eficácia.
No entanto, como em tudo que envolve Ciro Gomes, a proposta já divide opiniões. Para seus apoiadores, é um exemplo claro de coragem e visão estratégica. Para os críticos, soa como mais uma utopia populista em busca de atenção. A verdade, talvez, resida na insistente capacidade de Ciro de colocar o dedo na ferida: o Brasil precisa urgentemente de reformas, e ele, com a autoridade de quem ocupou os mais altos cargos da República, oferece caminhos que, ao menos, merecem um debate sério.