Há histórias que parecem saídas de roteiros de cinema, mas a realidade brasileira sempre se mostra mais criativa. Eis a saga da Built Up Engenharia e Soluções Ltda., uma construtora nascida em 2020 que, em apenas cinco anos, já movimentou impressionantes R$ 269 milhões em contratos com o Governo de Mato Grosso. O detalhe que tempera essa ascensão meteórica? Todos os contratos foram firmados sem licitação. Um feito que, em tempos de vacas magras, beira o sobrenatural, com obras de presídios se tornando uma verdadeira mina de ouro para a jovem empresa.
No comando desse espetáculo de prosperidade está Paulo Augusto Santos, sócio da Built Up, que encontrou na parceria com o então secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante dos Santos, uma sinfonia perfeita de contratos milionários. Entre 2020 e 2024, a construtora, que nasceu como microempresa, não apenas conquistou seu espaço: ela se consagrou como a favorita no setor de construção de presídios. Tudo isso sob o manto da “urgência”, justificando dispensas de licitação que aceleraram pagamentos que chegaram a quase R$ 100 milhões em um único ano.
A ascensão da empresa começou com um modesto contrato de R$ 9,78 milhões em 2020, mas logo decolou como foguete. Em 2021, faturou R$ 94 milhões. Em 2023, ultrapassou os R$ 98 milhões, e, em 2024, fechou com R$ 64 milhões. O curioso é que, enquanto empresas consolidadas disputam licitações e enfrentam a burocracia estatal, a Built Up parecia ter uma estrada pavimentada diretamente para os cofres públicos. Para os mais céticos, a explicação para tanto sucesso é simples: estar no lugar certo, na hora certa e com os contatos certos.
No Brasil, onde a transparência é constantemente atropelada pela urgência, a Built Up tornou-se símbolo da eficiência em meio a questionamentos. Afinal, não é todo dia que uma empresa de presídios recebe tanto em tão pouco tempo, sem enfrentar concorrência. O discurso oficial é sempre o mesmo: “tudo conforme pareceres técnicos”. Mas os números – e os sobrenomes envolvidos – insistem em levantar a sobrancelha de quem observa de fora.
Se a Built Up é resultado de pura competência ou apenas mais uma peça de um sistema onde as dispensas de licitação se tornaram regra, o futuro dirá. Por ora, fica o registro de uma construtora que, aos cinco anos de idade, já mostra que, no Brasil, as grades que prendem uns libertam os sonhos – e os cofres – de outros. Afinal, há quem veja no sistema prisional apenas punição. A Built Up viu oportunidade. E que oportunidade!