Alguns alvos da operação da Polícia Federal que investiga tentativa de golpe de Estado, deflagrada nesta quinta-feira (8), já apareceram em outros inquéritos e também na CPI do atos golpistas (citados ou como investigados ou indiciados).
Chamada de operação “Tempus Veritatis” (hora da verdade, em tradução do latim), a investigação é fruto da delação do tenente-coronel Mauro Cid. Ao todo, foram 33 mandados de busca, 4 prisões preventivas e 48 medidas cautelares, como suspensão do exercício da função pública e entrega de passaportes.
A seguir, veja quem são os alvos da operação desta quinta-feira (8) já apareceram em outros inquéritos e na CPI do atos golpistas:
General Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil – Em outubro de 2023, a relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares. Apesar do pedido de indiciamento, a PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda analisa o material e ninguém foi denunciado até o momento.
General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) – Em outubro de 2023, a relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares. Apesar do pedido de indiciamento, a PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda analisa o material e ninguém foi denunciado até o momento. Na época da CPI, quando convocado para depor, Heleno disse não ter relação com nenhum dos eventos investigados pela CPI. Questionado pela relatora, disse que era fantasia achar que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro participava de reuniões com comandantes das Forças Armadas.
General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa – Em outubro de 2023, a relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pediu o indiciamento de 61 pessoas, entre civis e militares. Apesar do pedido de indiciamento, a PGR (Procuradoria-Geral da República) ainda analisa o material e ninguém foi denunciado até o momento.
Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha – foi citado em delação de Mauro Cid no ano passado. O almirante, que comandou a Marinha na segunda metade do governo de Bolsonaro, segundo Cid, seria simpático a um golpe de Estado e teria dito a Bolsonaro “que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”.
Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça – ficou quatro meses preso por suposta omissão nos atos golpistas do dia 8 de janeiro. O Ministério Público Federal (MPF) arquivou inquérito que apurava a responsabilidade de Torres durante os ataques às sedes dos Três Poderes, em decisão relacionada à investigação por improbidade administrativa. Os advogados de Torres já vinham pedindo na Justiça a soltura do ex-ministro, alegando que a prisão preventiva não se justificava e que ele estava com agravamento das condições de saúde mental na prisão. Torres ainda é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura a responsabilidade de autoridades pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Essa investigação é criminal, diferente do arquivamento do MPF, que ocorre na esfera civil. Ele nega as acusações.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Bolsonaro – foi preso em dezembro de 2013, após ter sido condenado a sete anos e dez meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele havia sido condenado no processo do mensalão do PT. Em 2016, Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, concedeu perdão da pena e determinou a expedição de alvará de soltura. Em 2017, Valdemar foi alvo de um inquérito aberto pelo STF porque, de acordo com delatores da Odebrecht, seu grupo teria cobrado propina para garantir à empreiteira a execução de uma obra. Na época, a assessoria de Valdemar disseque o Partido da República [como antes o PL era chamado], tinha por norma “não comentar conteúdos que serão objeto de exame do poder Judiciário.”
Tercio Arnoud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro – Em 2020, uma investigação sobre contas falsas removidas pelo Facebook ligadas a Bolsonaro apontou Tercio como administrador de alguns dos perfis que divulgavam fake news. Ele trabalhava no Palácio do Planalto. Procurado pelo g1 na época, o Planalto não se manifestou até a publicação da reportagem. O Jornal Nacional também procurou Tércio, mas não obteve resposta.
Ailton Barros, coronel reformado do Exército – No ano passado, foi preso acusado de intermediar inserção de dados ilegal no cartão de vacinação da Covid. No depoimento à PF ao ser preso, disse que estava sozinho e que não necessitaria de advogados. Também já foi investigado por suposto acordo com o tráfico e expulso do Exército após punições disciplinares
Amauri Feres Saad, advogado – foi citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres. Segundo as apurações da CPI, Amauri teria dado assessoria jurídica a Filipe Martins na elaboração da minuta. Na época, o g1 tentou contato com Amauri, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro – Em março de 2021, a Polícia do Senado concluiu que Martins cometeu crime de preconceito em uma audiência da Casa em março daquele ano. O inquérito investigou a conduta de Martins durante uma audiência no Senado. Na época, Filipe disse que estava ajeitando o terno. Já a defesa dele disse que os esclarecimentos já haviam sido prestados e que aguardava o arquivamento da investigação.
Marcelo Câmara, coronel do Exército – citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente. A Reportagem não conseguiu contato com a defesa dele na época.
Fonte G1 Brasília