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Ana Flor, Andreia Sadi, Julia Duailibi e Natuza Nery analisam discursos de Lula e Alckmin no lançamento da chapa

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Confira abaixo as análises das comentaristas da GloboNews Ana Flor, Andreia Sadi, Julia Duailibi e Natuza Nery sobre os discursos feitos neste sábado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) durante o ato que oficializou a chapa de ambos à Presidência nas eleições de outubro.

Ana Flor

A comentarista ressaltou o peso do termo “soberania” na fala do petista. “[O discurso] tenta mostrar um Lula sem rancor, que quer unir o país. Fala frases fortes a respeito dos ataques à democracia, a volta do fascismo. Talvez a palavra mais utilizada por Lula nesse discurso tenha sido ‘soberania’, uma palavra muito cara aos círculos militares. Dá a entender que ele manda um recado para os meios militares, dizendo que soberania está muito além das relações internacionais ou das nossas fronteiras, soberania é reconstruir um país. Há um recado muito forte exatamente numa semana em que o presidente Bolsonaro se ancorou nos círculos militares mais próximos dele para fazer novos ataques à Justiça Eleitoral ao Supremo Tribunal Federal. As ameaças de Bolsonaro são respondidas também no discurso de Lula, em que ele usa a palavra ‘soberania’ dezenas de vezes.”

“Ele tenta fazer um desagravo à Dilma, ela que sempre é muito atacada, até mesmo dentro do PT, por conta da grave recessão q houve a partir do seu governo, que acabou, em 2015 e 2016, levando o Brasil a uma recessão muito séria”, diz Ana Flor.

“[Lula] fala de toda a sua trajetória depois que saiu do governo, diz que não levará rancor ou ódio, talvez até numa tentativa de reeditar o Lula paz e amor que ganhou a eleição de 2002″, finaliza.


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Andreia Sadi

Sadi avaliou que a campanha do PT, que passava por uma crise de comunicação, conseguiu se reorganizar. “Foi um evento cheio de recados, era exatamente isso o que a campanha do Lula queria, depois do que a gente chama de ‘freio de arrumação’ da organização da campanha. O PT, como a gente vem contando nas últimas semanas, estava passando por algumas crises: uma crise na comunicação, tem crise até na área júridica. E principalmente uma crise na fala, nos discursos do ex-presidente Lula, quando ele fala de improviso, como é tradicional e está acostumado a fazer, mas nas últimas semanas ele cometeu alguns deslizes que passaram a preocupar a coordenação da campanha.”

“Destaquei alguns pontos para mostrar que eles conseguiram alcançar o objetivo, que era passar recados, dar o tom que vai ter a campanha do Lula. Teve uma mudança da estética, do visual: a gente está acostumado a ver o vermelho bem forte, muito bordão do PT, mas esta foi uma mudança proposta pelo novo marqueteiro, Sidôneo Palmeira, e todo mundo topou. Esse slogan, ‘Vamos juntos pelo Brasil’, passando essa imagem de que é de fato uma frente ampla de todos contra o bolsonarismo, esta é a mensagem que o PT quer passar.”

E completou: “A tônica da campanha será toda em cima disso: ‘Este é o Brasil do Lula, este é o Brasil do Bolsonaro. O que vc quer?’. Ou seja, também está dizendo para o eleitor, para a sociedade, que, assim como a campanha do Bolsonaro, eles já se enxergam no segundo turno, disputando um contra o outro. Eles estão ignorando qualquer terceira via, qualquer outra opção. Por isso que falo que o tom vai ser de plebiscito. Hoje o PT conseguiu pautar, não ser pautado por uma pauta de costumes ou segurança pública, como o bolsonarismo gosta”.


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Julia Duailibi

Para Duailibi, o discurso de Lula fez acenos para o eleitor de centro, mas foi mais voltado para os da esquerda. “Ele conseguiu evitar a munição contra ele mesmo e fez um discurso voltado para a esquerda. A sinalização para o centro é muito sutil. Ele fala sobre cultura, povos indígenas, racismo, meio ambiente, direitos trabalhistas, valorização real do salário mínimo, cita Paulo Freire, um símbolo muito defendido pela esquerda. Ele fala de Dilma, cita José Dirceu, é um pacote falando para os dele.”

A comentarista ressalta também recados para os empresários. “Olhando para o empresariado, para o PIB, que é um publico com o qual ele tem que falar, e os aliados têm dito isso, ele fala sobre ambiente de estabilidade e o retorno justo para o empresário – e com isso manda um recado também para o público dele [Lula]. Fala que é importante ter um ambiente de tranquilidade para você criar um mercado consumidor e os empresários venderem.”

E finaliza: “Entra na questão da democracia, que é importante como um todo. Fala que a gente precisa de calma e tranquilidade, ‘chega de tensões’, trabalha essa ideia o tempo inteiro e fala sobre a legalidade, quando cita o processo democrático. Então ele junta esse recado do ambiente estável e seguro para o empresariado, para o PIB produzir, com a ideia da democracia, e dá a seguinte frase: ‘Vamos devolver o fascismo para o esgoto da história, de onde ele não deveria ter saído'”.

“Quando fala sobre economia, cita feitos dos governos do PT, especificamente os dele, critica o governo atual na ara da economia, cita vários programas do PT e fala que o partido conseguiu, com esses programas, fazer uma revolução democrática. Neste ponto ele faz exatamente o que foi orientado por integrantes do partido: focar na questão da economia, na situação da população, na pobreza, mostrar o que foi feito e evitar entrar em pontos polêmicos, em cascas de banana”.


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Natuza Nery

Natuza fez um comparativo entre os eventos de lançamento de campanhas do PT que já cobriu e destacou as três principais diferenças que observou no ato deste sábado.

“Tinha muito mais verde e amarelo do que em todos os outros eventos de candidatura. Acompanhei, cobrindo como jornalista, todos os lançamentos de candidatura petista desde 2006, e essa teve muitas diferenças. A começar do início: assim que eu coloco o pé dentro do evento, a primeira pessoa que encontro é um tucano histórico, Floriano Pesaro. Floriano era um tucano, porque também saiu do tucanato e foi para o PSB, e eu era muito acostumada a ouvi-lo sobre propostas de política social do PSDB. E aí perguntei para ele como estava se sentindo – o evento ainda não tinha começado. Ele respondeu assim: ‘Olha, não é facil, eu diria até que é estranho, mas do ponto de vista do campo democrático, faz todo o sentido do mundo, porque não dá para suportar o outro lado. Então, nos bastidores esta foi a primeira grande diferença.”

E completa: “Quando entrei no lugar do evento, tinha muita gente, muita bandeira do PT, mas tinha muito branco, muito azul, a começar pelo slogan: ‘Vamos juntos pelo Brasil’. No fundo, já quando Lula entra e começa a discursar, nós víamos a bandeira do Brasil. Foi um lançamento de campanha muito menos vermelho do que todos os outros os quais eu cobri, esta é a segunda diferença. E a terceira grande diferença é a presença de Geraldo Alckmin, com um discurso que foi bem recebido pela plateia, mais bem recebido até do que aquele primeiro discurso que ele fez no evneto com a centrais sindicais, quando ele foi criticado por ter ‘lulado’, porque ele estava muito mais Lula do que Geraldo Alckmin. Hoje estava lá o mesmo Geraldo Alckmin de sempre”.


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Fonte G1 Brasília

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