REDES SOCIAIS

29°C

Antes do recesso, Congresso aprova projeto que permite governo doar bens durante campanha eleitoral

Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email

Antes do recesso parlamentar, o Congresso Nacional aprovou alguns projetos que podem interferir no financimento e nas negociações das eleições deste ano. Entre outros pontos, as propostas alteram regras para doações durante a campanha eleitoral, ampliam sigilo sobre o ‘orçamento secreto’ e permitem que o governo altere o destino de recursos já contratados.

A proposta que permite ao governo doar bens a entidades privadas e públicas durante todo o ano de 2022 foi aprovada em sessão do Congresso na última terça-feira (12), em votação relâmpago no plenário.

O texto modifica a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, que já abria exceção para bens doados pela administração pública a entidades privadas até três meses antes das eleições. Com a aprovação do projeto, a exceção foi ampliada para todo o ano, incluindo a entidades públicas, a possibilidade de doação de bens sem que a conduta configure crime eleitoral.

O dispositivo para permitir as doações dentro do período restrito pela legislação eleitoral foi incluído pelo relator, deputado Carlos Henrique Gaguim (União-TO), em um projeto que tratava do contingenciamento de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

O texto diz que é permitida a doação de bens, valores ou benefícios por parte da administração pública a entidades privadas e públicas durante todo o ano de 2022, desde que com encargo para o donatário, ou seja, o beneficiário da doação arque com os custos para a manutenção e funcionamento do bem recebido.

Ainda, segundo a proposta, essas doações não serão consideradas descumprimento da legislação eleitoral, que proíbe, expressamente, “a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública” em todo o ano eleitoral.

Atualmente, a exceção prevista em lei, é apenas para casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior.


window.PLAYER_AB_ENV = “prod”

Debates

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou a proposta. Ela afirmou que o texto fere a lei eleitoral em vigor.

?Com este PLN, o que se está tentando fazer é doação o ano inteiro. Então, quer dizer, a gente doa em ano eleitoral. Isso está ferindo, sim, aquele princípio que temos de manter minimamente a lei eleitoral em vigor?, disse a deputada.

O senador Jean Paul Prates (PT-RN) disse que o Congresso autorizou algo expressamente proibido por lei.

?Alguma razão há de ter para estarmos aqui diante de um artigo jabuti desses aqui, que permite a doação de bens, valores e benefícios da administração pública para entidades privadas, em pleno ano eleitoral, quando exatamente isso é vetado pela Lei eleitoral?, afirmou.

Já o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) defendeu a mudança e disse que a lei eleitoral está errada.

?O texto de fato permite a doação do poder público para o poder público. Digamos que determinado estado tenha ambulâncias para serem entregues aos municípios, ele autoriza que sejam entregues as ambulâncias?, afirmou. Até porque nós temos que mudar o que está lá na lei eleitoral. A lei eleitoral é que está errada?, acrescentou o deputado.

Alteração contratual

Deputados e senadores também aprovaram trechos que permitem ao governo alterar o objeto e a localidade da execução de recursos já contratados.

Na prática, isso permite que recursos alocados em um município sejam destinados a outro local, o que pode virar moeda de troca em ano eleitoral.

Segundo a consultoria de Orçamento da Câmara ?permitir alteração na localidade de execução do objeto inicialmente pactuado contraria, em tese, princípios previstos na legislação de regência de licitações e contratos administrativos, como os do interesse público, do planejamento, da motivação e da vinculação ao edital, entre outros, o que, em certa medida, pode levar à sua descaracterização?.

Outro trecho permite o pagamento a fornecedores diferentes daqueles previstos nas respectivas notas de empenho. Empenho orçamentário é a etapa em que o governo reserva o dinheiro que será pago quando o bem for entregue ou o serviço concluído.

Segundo o texto, na hipótese de desistência do fornecedor original ou de rescisão contratual, a despesa poderá ser paga em favor de credor diferente do indicado na respectiva nota de empenho desde que seja vantajoso para a administração pública.

Em nota, a Consultoria de Orçamento da Câmara e do Senado também criticou este ponto. Segundo os técnicos, é necessário emitir uma nova nota de empenho e não mudar o fornecedor inscrito.

?Outro credor que eventualmente possa vir a fornecer o bem ou o serviço que a administração pública esperava do credor inadimplente deverá ser pago não à conta do orçamento anterior (restos a pagar), mas do orçamento então vigente, sendo indispensável a emissão de nova nota de empenho?.

?Orçamento Secreto?

Durante a mesma sessão, os parlamentares deram aval a uma proposta que permite “ocultar” a identificação dos parlamentares responsáveis por indicar emendas de relator que, posteriormente, forem remanejadas para outras áreas do orçamento federal.

As emendas de relator ganharam o apelido de “orçamento secreto”, em 2021, em razão da dificuldade em apontar quem era o deputado ou senador responsável pela indicação das verbas. Desde então (veja detalhes abaixo), regras foram criadas para dar mais transparência a esses recursos.

O projeto aprovado nesta terça, porém, abre um novo caminho para que essas assinaturas permaneçam sob sigilo. O texto prevê que, se as emendas forem remanejadas ? por exemplo, para a parcela do orçamento cujo uso é definido pelo governo ?, a indicação dos valores e dos autores não será mais necessária.

https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/07/12/orcamento-secreto-congresso-aprova-ocultar-autoria-de-emendas-de-relator-que-sejam-remanejadas.ghtml

Fonte G1 Brasília

VÍDEOS EM DESTAQUE

ÚLTIMAS NOTÍCIAS