Em jogo marcado por confusão nas arquibancadas e invasão de campo, o Cuiabá ficou no empate em 1 a 1 com o Ceará, na noite deste domingo, no Castelão, em duelo da 32ª rodada do Brasileirão. O técnico António Oliveira repudiou o tumulto e relatou momento de pânico.
– O pânico gerou-se. O jogo ainda estava a correr e eu abandonei. Tenho que proteger a mim e aos meus. Quando cheguei ao vestiário tinham mensagens da minha mulher, meus filhos, meus pais, da minha irmã. É natural essa preocupação, eles acompanharam o jogo. O futebol não é isso, é paixão, é amor. É um jogo fantástico, que move multidões, gera emoções, que nunca terá espaço para violência. Acho que o futebol deve ter um conjunto de princípios e valores, que devem ser catapultados para uma forma de estar e ser na vida, e não um espaço onde se vai gerar as frustrações das pessoas, onde vai brotar toda a raiva em uma sociedade cada vez mais difícil e carente de valores.
– Sempre falo aos meus jogadores para que eles tenham paixão, pois fazem o que gostam e ainda recebem por isso. Não ter um teto para viver, ter dificuldade para pagar as contas, não ter para comer é que são situações importantes. Essa injustiça social, que eu também condeno, mas que nunca vai ser igual para todos. Acho que o futebol deve ser exemplo, não um espaço em que as pessoas vêm eclodir todas suas frustrações e que depois gera violência. No futebol e em nenhum lado pode existir isso, como há pouco tempo houve na Indonésia. Esses tumultos são reprováveis e deve haver espaço para reflexão, para que um dia não haja uma tragédia.
O Cuiabá atuou quase todo o segundo tempo com um jogador a menos após a expulsão de Igor Cariús, aos cinco minutos da etapa final. Mesmo assim, chegou a abrir o placar com Deyverson, aos 37, e sofreu o empate aos 47. O comandante auriverde valorizou o ponto conquistado.
– Em relação ao adversário também estar num momento instável, difícil, sabíamos que mantendo 1 a 0, ia gerar ansiedade, pois os jogadores têm sentimentos. Mesmo jogando com 10, sabia que poderia acontecer e foi uma variável que passei aos jogadores. Mantendo a baliza à zero, sairíamos com um resultado muito positivo. Infelizmente tivemos um revés num escanteio, faz parte, temos que trabalhar para corrigir. O resumo final é muito orgulho dos meus jogadores e acho que hoje eles mostraram que querem e que desta forma vão se manter na elite do futebol brasileiro.
O empate mantém o Dourado em 17º lugar, agora com 31 pontos, ainda a três do próprio Ceará, primeiro time fora da zona de rebaixamento. A equipe mato-grossense tem duelos-chave na luta contra a degola: enfrenta Goiás e Avaí na sequência, ambos em casa. António analisou os confrontos.
– Muitos pensam que são seis pontos garantidos, e nunca vi no futebol vencedores nem vencidos antecipados. Se isso acontecesse, hoje estaríamos derrotados antes de entrarmos em campo, porque as torcidas, as pessoas são muito mais emocionais do que racionais. Entendem que jogar contra o Cuiabá é garantia dos três pontos. As coisas não são assim. Hoje em dia é muito difícil defrontar equipes, são muito organizadas, bem treinadas. Não é na pancada nem na violência que vamos resolver nossos problemas. Vamos agravar a situação. Perceber que não há vencedores nem vencidos antecipados e que as outras equipes que vamos enfrentar têm os mesmos objetivos que a gente. Muito respeito, sermos muito sérios na preparação dessas competições e perceber que é durante os 90 minutos é que temos que ser melhores que os adversários.
O Cuiabá recebe o time goiano no próximo domingo, às 17h (de MT), na Arena Pantanal, pela 33ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Fonte GE Esportes