A crise entre o Carrefour e o Brasil continua repercutindo, agora em meio às negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia, que estão sendo realizadas esta semana, em Brasília. O movimento de boicote do grupo francês à carne sul-americana coincide com as discussões sobre o tratado comercial, que enfrenta resistência, principalmente da França. Veja no vídeo acima.
Os representantes dos dois blocos estão reunidos até o fim dessa semana para chegar a um entendimento. O texto final será encaminhado à reunião de presidentes do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai, que acontece no início de dezembro. Se a nova redação do acordo for aprovada pelas partes interessadas, a expectativa é que a presidente da Comissão Europeia, Úrsula von der Leyen, seja convidada para o encontro em Montevidéu, onde o acordo poderá ser assinado.
Resistência francesa ao acordo, crise da carne e repercussões no Brasil
Nesta terça-feira (19), o presidente Lula voltou a defender a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Lula afirmou que os franceses, principais opositores no bloco europeu, ?não apitam mais nada?. A fala aconteceu após uma declaração do CEO global do Carrefour, que afirmou, em comunicado, que a rede não compraria mais carne da América do Sul na França, questionando a qualidade do produto produzido por aqui.
No mesmo dia em que o Carrefour se desculpou com o Brasil por questionar a qualidade da carne, a França voltou a declarar uma posição contrária ao acordo de livre comércio. O parlamento francês, também em uma votação simbólica, rejeitou a assinatura desse acordo.
Depois de criticar o acordo, a ministra da Agricultura francesa disse que a entrada de produtos que não seguem as regras necessárias representa um risco à segurança sanitária, à soberania e ao meio ambiente.
Em resposta, o senador Nelsinho Trad, presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, divulgou nota condenando o movimento francês, que, segundo ele, visa criar um factoide para atrapalhar as negociações. Trad também convocou reunião com integrantes do Parlasul e diplomatas do Itamaraty para alinhar estratégias.
No entanto, dentro do Congresso Nacional, há críticas sobre a postura do governo brasileiro, que, segundo parlamentares, poderia ter adotado uma linha mais firme frente às provocações francesas.
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Fonte G1 Brasília