Após decidir entrar em greve de fome, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou nesta quarta-feira (9) que vai levar a disputa política em torno da cassação do seu mandato “até o limite”.
O Conselho de Ética da Câmara aprovou no final desta tarde um relatório favorável à cassação do mandato do deputado. A votação no conselho foi de 13 votos pela cassação e 5 contra. A decisão final cabe ao plenário da Casa.
Durante a sessão, ele anunciou greve de fome até o fim do processo. Ou seja, até o plenário votar.
O deputado é acusado de ter quebrado o decoro parlamentar ao expulsar, aos chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) do interior da Câmara, em abril de 2024.
?Nós vamos utilizar todos os instrumentos que tiverem a nossa disposição, todos os recursos que sejam cabíveis para fazer essa disputa política até o limite, até o limite. E quando eu digo até o limite, é até o limite mesmo?, afirmou o parlamentar.
Questionado se pensava em renunciar ao mandato, Glauber afirmou que não vai se abster da luta política e que pretende utilizar a ?luta política mais radical e mais profunda para denunciar essa farra do Orçamento Secreto?.
Glauber atribui a tentativa de cassação do seu mandato a uma suposta vingança do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de denúncias contra as emendas de relator, que ficaram conhecidas como Orçamento Secreto.
?Bilhões de reais sendo utilizados, entre outras coisas, para calar o opositor político do ex-presidente da Câmara Arthur Lira. Eu tenho que ir ao limite disso?, afirmou o deputado.
Votação questionada
Os trabalhos das comissões e do Conselho de Ética são encerrados quando as votações no plenário da Câmara começam.
Uma das estratégias de obstrução utilizadas pelos parlamentares é alongar as discussões de um projeto ou de um processo disciplinar nas comissões da Casa até que o plenário inicie o período de votação, chamado de Ordem do Dia.
Quando isso acontece, as comissões podem até continuar discutindo matérias, mas não podem votar nada. Dessa forma, o colegiado adia a análise do projeto ou processo até a próxima reunião.
Sob o comando de Hugo Motta, a Ordem do Dia estava começando por volta das 16h30. Nesta quarta, no entanto, isso não aconteceu.
Motta não apareceu para abrir o período de votação no plenário, o que permitiu que o relatório pela cassação de Glauber fosse votado ainda nesta quarta. Glauber atribuiu o fato a uma combinação de Motta com o ex-presidente Arthur Lira.
?Tinha um script pré-estabelecido para que a cassação se operasse. Eles estavam esperando o melhor momento para fazê-lo. E evidentemente hoje ficou mais do que explícito que a decisão de não convocar a Ordem do Dia por parte do presidente o envolve também nessa articulação de cassação do mandato operada pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira?.
A Ordem do Dia foi aberta às 19h02, somente após a votação do relatório, sob o comando do 1º vice-presidente, Altineu Côrtes (PL-RJ). Motta não apareceu para presidir a sessão.
Fonte G1 Brasília