O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, chamou nesta quinta-feira (1º) “de hipocrisia” a repercussão negativa de uma declaração dada por ele sobre moradores de favelas.
Nesta quarta (31), ao discursar na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, o candidato afirmou que o encontro foi um “comício para gente preparada”, acrescentando que seria um “serviço pesado” abordar os mesmos temas em favelas. A declaração repercutiu negativamente nas redes sociais e entre políticos.
Nesta quinta, em São Paulo, o candidato do PDT foi questionado sobre o que achou da repercussão negativa da declaração. Ciro, então, se disse alvo de “hipocrisia”.
“Quando você trata do efeito da taxa de câmbio no desmonte da indústria nacional, quando você trata da política monetária como deformação da taxa de câmbio do país, você está falando uma certa linguagem que só pessoas que tiveram a oportunidade de se iniciar naquele assunto compreendem”, declarou o candidato.
“Eu estou tentando que haja muita gente fazendo o que eu estou fazendo, subir o morro, onde eu estava anteontem, explicando pedagógica e humildemente para as pessoas do que se trata. Mas eu não posso fazer isso sozinho. É só isso o que eu disse. O resto, hipocrisia da mais rasa e pura”, acrescentou Ciro nesta quinta.
Teto de gastos
Ainda na entrevista desta quinta-feira, Ciro Gomes voltou a criticar o teto de gastos e afirmou que, se eleito, tentará revogar a medida.
Promulgada pelo Congresso Nacional em 2016 e em vigor desde 2017, a emenda constitucional do teto de gastos limita as despesas da União (Executivo, Legislativo e Judiciário) à inflação do ano anterior.
Por se tratar de emenda constitucional, a regra do teto de gastos só pode ser alterada por uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), cuja aprovação depende do apoio mínimo de três quintos dos parlamentares (308 dos 513 deputados; 49 dos 81 senadores), em dois turnos de votação na Câmara dos Deputados e mais dois turnos de votação no Senado.
“Nós temos uma emenda à Constituição brasileira absolutamente única – do ponto de vista da experiência internacional comparada ou da literatura -, que determina, por status constitucional, que o gasto, seja global seja rubrica por rubrica, está obrigado ao constrangimento do orçamento executado neste ano mais 7%, que é a inflação. Então, se nós tomarmos o menor investimento da história, o investimento vai ser esse menor investimento mais 7%, que é o ajuste nominal. O [investimento] per capta em educação é menor em dez anos. Eu estou obrigado, se for eleito, […] a aplicar em educação o que foi aplicado pelo Bolsonaro mais 7%. Percebe? Isso é absolutamente cretino”, declarou Ciro.
“Eu preciso superar o orçamento porque hoje, no Brasil, nós estamos obrigados […] a gastar o que o Bolsonaro está gastando, o pior investimento em dez anos mais inflação de 7%, produzida a marretas artificiais na política de preços da Petrobras, e evidentemente que isso vai ser revogado no primeiro dia”, acrescentou o candidato.
Fonte G1 Brasília