A equipe do comitê de reeleição do presidente Jair Bolsonaro está reclamando das doações de empresários na eleição deste ano, mas já recebeu até agora cinco vezes mais do que arrecadou na campanha de 2018 e mais de sete vezes do que gastou na eleição daquele ano, quando o então candidato fazia questão de dizer que sua campanha era barata.
Nesta eleição, o candidato à reeleição já recebeu cerca de R$ 21 milhões. Foram R$ 10 milhões do seu partido, o PL, mais R$ 1 milhão do Progressistas (PP) e outros R$ 10 milhões de doações de pessoas físicas, principalmente empresários que apoiam o presidente Jair Bolsonaro.
Em 2018, segundo a prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro arrecadou R$ 4,377 milhões na campanha passada e gastou R$ 2,8 milhões. Naquela campanha, ao final, o candidato vencedor sempre destacava que fez uma campanha barata e que não precisava de grandes doações.
Agora, o discurso mudou. Presidente da República, Bolsonaro está atrás nas pesquisas, que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na liderança. O PT destinou à campanha presidencial de Lula bem mais do que o PL a Bolsonaro. Foram até agora R$ 86 milhões, além de mais de R$ 10 milhões que os petistas arrecadaram com pessoas físicas.
Entre interlocutores de Bolsonaro, a reclamação é que, enquanto o PT destinou uma fatia bem maior do seu fundo eleitoral ? que tem mais de R$ 450 milhões ? para o ex-presidente Lula fazer sua campanha, o partido do presidente, o PL, destinou somente R$ 10 milhões dos mais de R$ 270 milhões do seu fundo eleitoral.
O comando do PL justifica que, neste ano, tem muito mais candidatos a deputado federal e senador do que na última eleição. Na verdade, essa é a prioridade do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, eleger uma bancada de pelo menos 70 deputados federais para se tornar a principal força dentro da Câmara dos Deputados, e também uma bancada de mais de 10 senadores.
O mesmo acontece com PP. O partido ficou com mais de R$ 300 milhões do fundo eleitoral, que neste ano destinou R$ 4,9 bilhões para financiar as eleições de 2022. O Progressistas, que comanda o Centrão e faz parte da base aliada de Bolsonaro, também está priorizando a eleição de deputados federais e senadores.
A equipe de Bolsonaro tem dito que o dinheiro está curto e dificultando a montagem de agendas de campanha do presidente da República pelo país. As queixas foram tornadas públicas pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), coordenador da campanha à reeleição do pai, num recado para os empresários que apoiam o governo e foram beneficiados com medidas da atual administração.
Fonte G1 Brasília