O governo brasileiro vai aproveitar a cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para defender a candidatura de uma mulher da região para o cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
A informação foi divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores. Nesta quarta-feira (9), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará da cúpula de chefes de Estado e de governo da Celac, em Tegucigalpa (Honduras), e fará um discurso aos presentes no encontro.
O atual secretário-geral da ONU, o português António Guterres, está na função desde 2017 e terminará seu mandato no ano que vem.
De acordo com a secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, Gisela Padovan, o governo brasileiro fará duas defesas na cúpula: que a região lance uma candidatura única e que a candidata seja uma mulher.
A ONU nunca teve uma mulher no cargo de secretário-geral. Desde a fundação, em 1945, a organização foi comandada por nove homens. O único latino-americano foi o diplomata peruano Javier Pérez de Cuéllar (1982-1991).
“O Brasil propôs duas declarações especiais [para a cúpula]. E uma é sobre a possibilidade de candidatura unificada para o cargo de secretário-geral das Nações Unidas”, afirmou Gisela Padovan.
“Pela rotatividade regional, a gente entende que [a indicação] cabe à América Latina e ao Caribe. Então, estamos propondo que os países se unam e comecem a trabalhar em torno de uma candidatura única, o que nos dá maiores chances de fazer valer o princípio da rotatividade”, acrescentou a diplomata.
Nomes em aberto
Segundo Padovan, há “excelentes” mulheres que poderiam ser apoiadas pelo Brasil. Entre os nomes citados pela diplomata, estão os de:
- Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile;
- Mia Mottley, primeira-ministra de Barbados;
- Rebeca Grynspan, ex-vice-presidente da Costa Rica.
“Nós temos, como Brasil, o interesse em ver uma secretária-geral da ONU mulher, até porque nunca houve. […] Há mulheres com cargos relevantes, posições relevantes e capacidade de liderança”, afirmou Padovan em uma entrevista sobre a participação de Lula na cúpula da Celac.
Embora tenha citado alguns nomes, a diplomata disse que a definição do nome a ser apoiado ainda está “em aberto”.
“O Brasil gostaria de ver, além de um candidato regional, uma mulher. Mas está tudo em aberto, é um processo absolutamente preliminar. Por isso a gente decidiu começar a discutir na região porque a gente entende que compete a nós. Então, se a gente apresentar um candidato unidos, isso dá mais peso. Mas está bem em aberto ainda”, completou.
A dificuldade para viabilizar a pretensão brasileira é encontrar um nome de consenso em uma região com governos de posições políticas divergentes.
Fonte G1 Brasília