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Brasileiras com posições políticas diferentes se unem em pautas sobre desigualdade salarial e segurança, aponta pesquisa

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Apesar das diferenças ideológicas, políticas e sociais, existem pontos de convergência entre as mulheres brasileiras quando se fala em igualdade salarial, mais participação feminina na política, segurança pública e saúde. É o que aponta uma pesquisa inédita do Instituto Update.

O estudo “Mulheres em Diálogo” foi realizado em parceria com a Ideia Big Data e contou com a participação da cientista política Camila Rocha e da cientista social Esther Solano. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (24).

Ao todo, foram entrevistadas 668 mulheres de 16 anos ou mais de diferentes regiões, classes sociais e orientações políticas entre 2023 e 2024.

“Questões como igualdade salarial e segurança refletem preocupações universais entre as mulheres brasileiras e podem ser a base para ações que promovam avanços nos direitos das mulheres?, destaca Carolina Althaller, diretora-executiva do Instituto Update.

Entre os temas que unem mulheres de diferentes perfis, a igualdade salarial se destaca como o principal consenso: 94% das mulheres concordam total ou parcialmente que homens e mulheres devem receber a mesma remuneração para cargos equivalentes, o que reforça a relevância da equidade no mercado de trabalho como uma preocupação universal.

A segurança pública aparece como o principal problema do país para 77% das mulheres.

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Além da segurança pública, a saúde foi apontada como um dos três principais problemas do Brasil, com 47% das entrevistadas mencionando essa preocupação.

Outro fator destacado é desinformação e fake news, que se consolidam como um problema relevante para mulheres do Sul e com maior escolaridade.

Já a necessidade de maior representatividade feminina na política recebe apoio de grande parte das mulheres: 72% concordam com a ideia de aumentar a representação feminina em cargos políticos.

Divergências em temas morais e religiosos

O estudo evidencia divisões significativas entre as mulheres em questões como feminismo, descriminalização do aborto e influência religiosa na política.

Entre as mulheres entrevistadas, 48% se identificam como feministas, enquanto 43% rejeitam o rótulo. Há maior adesão entre jovens de 16 a 44 anos, com ensino médio ou superior e pertencentes às classes AB e C.

Já a maior parte das mulheres acima de 45 anos, evangélicas e de classe D/E rejeita o feminismo, o que reflete uma divisão tanto geracional quanto ideológica.

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A descriminalização do aborto é outra pauta que o apoio geral é limitado a 16%. No total, 61% das mulheres que se identificaram como progressistas na pesquisa são contrárias à legalização da prática.

Entre as conservadoras, esse número é ainda maior ? chegando a 82%. E quando o recorte é apenas para as mães nos dois grupos, a rejeição cresce para 85%.

Outro ponto de divisão é a influência religiosa na política: 53% defendem que valores religiosos devem guiar decisões políticas, enquanto 43% acreditam que não.

A pesquisa também aborda temas como conservadorismo e prioridades entre diferentes gerações:

  • 70% das mulheres acima de 60 anos e de classes D/E têm posturas mais conservadoras em temas como direitos LGBTQIAPN+ e composição familiar, enquanto de 20% a 30% das jovens de 16 a 24 anos e mulheres de esquerda compartilham essas visões.
  • 30% das mulheres do Centro-Oeste e com escolaridade fundamental discordam do uso de banheiros femininos por mulheres trans, enquanto 65% das mulheres de ensino superior e de esquerda são favoráveis à pauta.
  • Jovens priorizam o combate ao assédio no trabalho (50%) e políticas para empreendedoras (47%), enquanto idosas destacam a prevenção à violência doméstica (60%) e a assistência social (55%).

Políticas públicas

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O levantamento evidencia fraturas sociais que atravessam as percepções das mulheres, mas também revela consensos estratégicos que podem embasar políticas públicas.

“Esta pesquisa é inédita, feita por mulheres, e é interessante para olharmos o que nos aponta. Fala bastante da fratura social e ajuda a entender como buscar essa aproximação entre o público feminista e conservador, principalmente na participação política. A gente vê a segurança pública como problema para a maioria, além da saúde. Ajudou a gente entender os temas mais importantes para cada região”, afirmou ao g1 Carolina Althaller, diretora-executiva do Instituto Update.

A cientista política Camila Rocha enfatiza que a pesquisa revela que, independentemente de serem progressistas ou conservadoras, as mulheres entendem como são prejudicadas pelo machismo na sociedade.

“Elas nomeiam isso, entendem o que são falas machistas, o que são ações machistas, e é como elas veem o empoderamento feminino, como uma coisa importante, e entendem que esse empoderamento está ligado à autonomia, principalmente autonomia financeira das mulheres”, disse.

Para a diretora do Update, os temas morais e religiosos revelam divisões mais profundas, mas também reforçam a pluralidade das experiências femininas no Brasil.

?Compreender como fatores como idade, religiosidade e classe social influenciam essas percepções é central para a construção de diálogos que respeitem diferenças sem abrir mão de buscar pontos de encontro?, analisa.

Fonte G1 Brasília

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