Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para relações internacionais, afirmou que espera que “não evolua para algo grave” a lei da Venezuela que prevê a anexação do território de Essequibo, na Guiana.
A lei foi promulgada nesta quarta (3) pelo presidente Nicolás Maduro, que governa a Venezuela desde a morte de seu padrinho político, o ex-presidente Hugo Chávez, em 2013.
Em 2018, Maduro ganhou uma eleição para se manter mais 6 anos no poder, mas o pleito foi questionado na comunidade internacional por evidências de pouca transparência e perseguição a rivais políticos.
Nos últimos meses, Maduro anunciou que a Venezuela quer anexar a região de Essequibo, no país vizinho, a Guiana. Essequibo corresponde a dois terços do território guianense e tem grandes reservas de petróleo. Graças à exploração das riquezas da região, a Guiana deu um salto em seu PIB.
Maduro se valeu de um antigo conflito sobre a posse do território para renovar a reivindicação, que encontrou resistência direta da Guiana. O governo venezuelano organizou um plebiscito para ouvir a população sobre anexar ou não Essequibo, e o resultado foi positivo. Na quarta (3), Maduro deu um novo passo ao promulgar a lei.
“Simbólico [o ato de promulgação], mas espero e acredito que não evolua para algo mais grave?, afirmou Amorim.
Para o assessor especial, o que Maduro fez foi um “gesto a mais” em sua escalada sobre Essequibo, já que havia realizado o plebiscito.
O Brasil acompanha com preocupação tanto a tensão por Essequibo, que ocorre na fronteira norte do território brasileiro, quanto o processo eleitoral na Venezuela. Um novo pleito está marcado para julho deste ano e, novamente, se multiplicam as denúncias de pouca transparência e perseguição à oposição.
O presidente Lula, no início do mandato, no ano passado, buscou reintegrar Maduro ao continente, já que tem relação amistosa com o presidente vizinho. Mas, nos últimos dias, mesmo Lula tem criticado o processo eleitoral na Venezuela.
Em relação à lei para anexar Essequibo, o governo brasileiro ainda não deve se manifestar oficialmente. O Palácio do Itamaraty (Relações Exteriores) tem posição parecida com a de Amorim sobre o caso, mas, por enquanto, não vai divulgar posicionamento.
Fonte G1 Brasília