Ao contrário do que acontece em algumas provas, no Concurso Nacional Unificado (CNU) o “chute” não é desencorajado. O sistema de correção da Fundação Getulio Vargas (FGV), organizadora do exame, não penaliza o candidato que recorrer a essa estratégia.
“A FGV é uma banca que não pune o candidato por errar, e isso ajuda bastante. O aluno pode se sentir livre para chutar quando não souber a resposta, sem medo de perder pontos. Por isso, sempre recomendo que comecem pelas questões mais simples, que exigem menos esforço mental”, explica Eduardo Cambuy, professor da Gran Concursos .
As provas objetivas da segunda edição do Concurso Nacional Unificado (CNU) acontecem neste domingo (5), em 228 cidades do país. Nesta edição, os candidatos concorrem a 3.652 vagas distribuídas em 32 órgãos do governo federal.
No Enem, o Exame Nacional do Ensino Médio, a correção utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), que procura identificar ?chutes? e valorizar quem de fato se preparou para a prova.
Na TRI, quem acerta as questões mais difíceis, mas erra as fáceis, acaba recebendo uma nota menor do que o candidato que manteve coerência, acertando as básicas e errando apenas as mais complexas.
O Cebraspe, banca tradicional de concursos, também adota um sistema para desestimular os ?chutes?. No chamado ?método Cespe?, não há alternativas. O candidato responde apenas ?certo? ou ?errado?, e cada erro anula um acerto.
No CNU, nada disso se aplica: o participante não perde pontos ao errar uma questão nem tem nota reduzida caso acerte ?no chute?. Por isso, especialistas em concursos recomendam que o candidato responda a todas as questões, mesmo quando não souber a alternativa correta.
A seguir, algumas dicas para ?chutar? de maneira mais estratégica.
Técnicas para aumentar as chances de acerto no chute ??
- Deixe as questões mais difíceis para o final.
?Leia a questão e, se não souber, siga para a próxima?, orienta o professor Bruno Bezerra, do Estratégia Concursos. ?Assim o candidato evita se atrapalhar e acabar chutando no fim perguntas que poderia responder sem dificuldade.?
Depois de responder às questões que sabe, o candidato pode, se houver tempo, revisar as demais para tentar acertar ? e, só então, recorrer ao ?chute?.
- Observe possíveis proporções.
Eduardo Cambuy sugere que, antes de chutar, o candidato analise as respostas em que tem mais segurança para perceber eventuais padrões de proporcionalidade.
?Se eu tenho 10 questões de português e tenho certeza em cinco, e nelas marquei as alternativas A, B e C, nas demais prefiro chutar D e E?, exemplifica.
- Cuidado com respostas muito parecidas.
Segundo Cambuy, a prova pode trazer alternativas quase idênticas, apenas escritas de modo diferente. Nesses casos, dificilmente são corretas, pois haveria mais de uma resposta certa para a mesma questão.
Ele exemplifica: ?Se a questão perguntasse a cor do céu e as alternativas fossem ?preto? e ?escuro?, uma excluiria a outra. Como são muito próximas, nenhuma seria correta. Assim, já é possível eliminar duas opções.?
- Evite alternativas que generalizam.
?As opções podem conter termos que ampliam ou restringem demais, como ?só?, ?apenas? ou ?exclusivamente?. Normalmente, quando isso ocorre, a alternativa é falsa?, alerta o especialista Eduardo Cambuy.
- Busque correlações.
Outra dica do professor é buscar correlações entre os assuntos abordados na prova, numa tentativa de deduzir a resposta correta.
?Se o candidato tiver dúvida em uma questão, pode tentar lembrar como o tema aparece em outra disciplina que domina. Por exemplo: ?Se no orçamento público funciona assim, na política pública deve ser semelhante??, orienta Cambuy.
?Muitas vezes, os temas das questões estão conectados. Assim, a resposta de uma pode estar na seguinte ou trazer uma explicação que ajude a resolver a anterior?, acrescenta.
? Como serão as provas?
A prova objetiva será aplicada em 5 de outubro de 2025. Ela será composta por uma parte com questões comuns a todos os candidatos (como língua portuguesa, raciocínio lógico e atualidades) e outra com perguntas específicas, conforme o bloco temático escolhido.
A prova discursiva será aplicada em 7 de dezembro de 2025, exclusivamente para os candidatos aprovados na primeira fase. O conteúdo e o formato da redação variarão de acordo com a área de atuação.
?? PROVA OBJETIVA
A prova objetiva será de múltipla escolha, com cinco alternativas e apenas uma correta. A quantidade de questões varia conforme o nível do cargo:
- Nível Superior: 90 questões no total, sendo 30 de conhecimentos gerais e 60 de conhecimentos específicos.
- Nível Intermediário: 68 questões, com 20 de conhecimentos gerais e 48 de conhecimentos específicos.
?? PROVA DISCURSIVA
Na etapa discursiva, os candidatos deverão elaborar textos conforme o nível de escolaridade exigido para o cargo:
- Nível Superior: 2 questões discursivas, com aplicação das 13h às 16h.
- Nível Intermediário: 1 redação dissertativa-argumentativa, das 13h às 15h.
O tempo de prova também é diferente:
- Nível Superior: das 13h às 18h (5 horas de duração).
- Nível Intermediário: das 13h às 16h30 (3h30 de duração).
Em todos os casos, os portões serão fechados às 12h30 (horário de Brasília), trinta minutos antes do início.
Para evitar imprevistos, o MGI recomenda que candidatos e candidatas se organizem para chegar com antecedência ao local da prova.
No mapa abaixo, é possível pesquisar o nome da cidade e verificar se ela está entre os locais onde serão aplicadas as provas objetiva e discursiva.
? Vagas, órgãos participantes e distribuição por cidades
? Diferentemente da edição anterior, que contou com oito editais, um para cada bloco temático, o processo seletivo será regido por um único edital. O documento traz informações detalhadas sobre as vagas, salários, conteúdo programático das provas, critérios de classificação e composição das notas finais.
Nesta edição, os cargos estão distribuídos em nove blocos temáticos, que agrupam as vagas por áreas de atuação semelhantes. São eles:
- Bloco 1: Seguridade Social (Saúde, Assistência Social e Previdência Social)
- Bloco 2: Cultura e Educação
- Bloco 3: Ciências, Dados e Tecnologia
- Bloco 4: Engenharias e Arquitetura
- Bloco 5: Administração
- Bloco 6: Desenvolvimento Socioeconômico
- Bloco 7: Justiça e Defesa
- Bloco 8: Intermediário ? Saúde
- Bloco 9: Intermediário ? Regulação
Esse formato permite que o candidato concorra a várias vagas dentro de um mesmo bloco, com apenas uma inscrição.
Embora a maior parte das vagas esteja concentrada em órgãos com sede em Brasília (DF), também há postos disponíveis em diversos estados do país.
? Salários
Os salários iniciais no CNU 2025 variam de R$ 4 mil a R$ 16 mil, dependendo do cargo e do nível de escolaridade exigido.
Consulte as remunerações iniciais previstas na tabela abaixo.
? Política de cotas
A nova edição estabelece regras mais rigorosas para assegurar a reserva de vagas destinadas a pessoas negras, indígenas, com deficiência e a candidatos quilombolas.
De acordo com o governo, a iniciativa reforça o compromisso com a promoção da equidade no acesso ao serviço público federal.
Com isso, a distribuição das cotas ficou definida da seguinte maneira:
- 25% para pessoas negras;
- 3% para pessoas indígenas;
- 2% para pessoas quilombolas;
- 5% para pessoas com deficiência (PcD).
Nos casos em que o número de vagas é inferior ao mínimo exigido para aplicação das cotas, o MGI realizou um sorteio para definir a reserva proporcional, conforme previsto na norma.
?? Reserva de vagas para mulheres na 2ª fase
Outro ponto de destaque é a adoção de uma ação afirmativa inédita voltada às mulheres: caso o percentual de candidatas classificadas para a segunda fase do concurso seja inferior a 50%, será feita uma equiparação para promover maior equilíbrio de gênero nessa etapa.
“Não é uma reserva de vaga para mulheres, como é o caso de pessoas negras, com deficiência, indígenas e quilombolas. Mas vamos fazer uma equiparação do percentual de mulheres que passam da primeira para a segunda etapa”, diz a ministra da Gestão, Esther Dweck.
- ? Na primeira edição do CNU, aproximadamente 63% dos aprovados eram homens e 37% mulheres. Esse resultado foi o oposto da proporção entre os inscritos confirmados, composta por 56% de mulheres e 44% de homens.
? Confira o cronograma oficial
- Prova objetiva: 5/10/2025, das 13h às 18h
- Convocação para prova discursiva: 12/11/2025
- Convocação para confirmação de cotas e PcD: 12/11/2025
- Envio de títulos: de 13 a 19/11/2025
- Prova discursiva (para habilitados na 1ª fase): 7/12/2025
- Procedimentos de confirmação de cotas: de 8 a 17/12/2025
- Divulgação da 1ª lista de classificação: 30/1/2026
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Fonte G1 Brasília