A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional já tem em seu poder, pelo menos, parte dos informes que mostram que o general Gonçalves Dias, chefe exonerado do GSI do governo Lula, foi alertado mais de uma vez sobre a escalada de violência dos atos anti democráticos e do risco de invasão de prédios públicos. As mensagens colocam em xeque a versão do militar de que houve um “apagão de inteligência”.
Na manhã de 8 de janeiro, um informe difundido nos grupos de WhatsApp foi claro: os golpistas falavam em invasão de prédios públicos. Por volta das 13 horas do dia 8 de janeiro, um grupo denominado boinas vermelhas, composto por paraquedistas da reserva do Exército, deu a senha para o golpe: “Acabou o pacífico”. Em poucas horas, o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto foram invadidos.
Os informes dando conta da escalada de radicalização começaram a ser emitidos no dia 5 de janeiro. Mesmo com a quantidade de relatos produzido pelos setores de inteligência sobre a tentativa de golpe, o general G. Dias montou sua estratégia baseado na versão de “apagão de inteligência”. Ou seja, faltaram informações para que ele tomasse a decisão de reforçar a segurança dos palácios.
No depoimento que deu à Polícia Federal, o general G. Dias afirma que não teve conhecimento das “ações radicais que ocorreriam em manifestação na cidade de Brasília entre 06 e 08 de janeiro”. Os delegados da Polícia Federal que tomavam o depoimento quiseram saber, então, se ele recebeu informações de inteligência da ABIN da chegada de manifestantes após o dia 6 de janeiro, fato que era público e notório. O general, então, responde que “não recebeu qualquer relatório de inteligência”.
Essa é a sua linha defesa. O general Dias desqualificou os informes que circulavam pelos grupos de WhatsApp, sendo que este foi o canal escolhido pelas áreas de inteligências de diversos órgãos para trocar informações. Para ele, os informes eram um “compilado de mensagens, não pode ser considerado tecnicamente um relatório de inteligência para produção de conhecimento para assessorar a decisão do gestor”. Ou seja, não eram suficientes para uma tomada de decisão.
Só ao final da investigação policial será possível dizer se os informes de inteligência realmente eram precários ou se o general não agiu por incompetência. Ou mesmo por cumplicidade, como quer caracterizar a oposição ao governo. Os informes, ou pelos menos, parte deles, foram encaminhados pelo GSI após requisição da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência
Fonte G1 Brasília