O conselheiro Antônio Joaquim, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), comentou nesta segunda-feira (09), em uma coletiva de imprensa em seu gabinete, o pedido de arquivamento de um inquérito do Ministério Público Federal (MPF) sobre supostas irregularidades na venda de uma das suas propriedades, envolvendo lavagem de dinheiro. O réu foi alvo da Operação Ararath junto a outros quatro conselheiros, que foram afastados em 2017.
Aos prantos, Antônio Joaquim afirmou que a investigação teria sido um “conluio” do então procurador-geral da República na época e responsável pela denúncia, Rodrigo Janot, a pedido do ex-governador Pedro Taques (Solidariedade), para impedir que o membro do TCE fosse candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2018.
Antônio Joaquim foi afastado do cargo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro de 2017, dias após anunciar a pré-candidatura. O pedido foi formulado pelo MPF, no âmbito da Operação Ararath. Também foram denunciados no esquema os conselheiros Sérgio Ricardo, José Carlos Novelli, Waldir Teis e Valter Albano.
“Eu anunciei a minha pré-candidatura ao Governo no dia 29 de agosto [de 2017], protocolei a minha aposentadoria como eu tinha anunciado no dia 12 de setembro, e dia 14 veio esse tsunami, que foi uma ação, um conluio do procurador-geral Janot com o então governador Pedro Taques para impedir a minha candidatura ao Governo, claramente. Tanto que esse inquérito que nós vamos tratar aqui foi uma atitude totalmente irresponsável do procurador”, enfatizou.
As supostas irregularidades envolvendo a compra e venda da fazenda foram denunciadas por Silval em delação premiada à Procuradoria-Geral da República (PGR), homologada em agosto de 2017 pelo STF.
De acordo com a delação na época, a propriedade do conselheiro – que foi adquirida por meio do empresário Wanderlei Faccheti Torres, da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda – teria sido comprada com dinheiro de propinas em contratos da Trimec com o Governo, com preço superfaturado, para sonegar a origem do dinheiro. Segundo o ex-governador em sua delação, o conselheiro, que na época era presidente da Corte de Contas, sabia do esquema.
Contudo, à imprensa, Antônio Joaquim afirmou que o MPF “criminalizou” um negócio pessoal realizado em 2012, que foi feito legalmente e declarado em seu imposto de renda. À Justiça, o MPF denunciou Silval e Wanderlei, não responsabilizando judicialmente o membro do TCE-MT.
“Apesar do erro irresponsável e criminoso do Janot de me indiciar sem motivos, sem nenhum fato que pudesse ensejar o meu afastamento, poderia fazer o inquérito, mas não me afastar, sem indício nenhum, sem checar nada. Estava atendendo a um desejo do seu colega procurador Pedro Taques. Mudou minha vida, me impediram de ser candidato, me transformaram em um bandido, eu fui julgado e condenado centenas de vezes por colegas dos senhores [jornalistas], em rádio, jornais”, afirmou.
“Uma coisa de louco, foram quase cinco anos, agora em setembro vão concluir cinco anos. Mas eu sempre resisti bravamente que o Ministério Público teria pessoas que são mais consequentes, que são responsáveis, que tem noção do que significa abrir um inquérito e acusar alguém. Então, eu tenho que dizer que a procuradora que assinou esse arquivamento, Valeria Siqueira, teve a coragem de pedir o arquivamento”, concluiu.
Fonte: Isso É Notícia