O 7 a 1 da Alemanha ficou marcado como principal – e mais dolorosa – lembrança da Copa do Mundo de 2014 para a maioria dos torcedores brasileiros. Para o povo cuiabano, no entanto, a recordação é outra.
Dias de uma experiência única para os mato-grossenses dentro e fora de campo. Contato com culturas diferentes, cidade em plena transformação, sem contar a proximidade de grandes astros do futebol mundial.
A jornalista Sissy Cambuim, que se mudou para a cidade em 2009 – ano do anúncio do Brasil como sede -, decidiu viver aquela atmosfera em sua plenitude. Hospedou estrangeiros em sua casa e ganhou um passaporte para uma sensação inédita.
– Até então tinha conseguido ingresso para dois jogos. Para o primeiro jogo, que foi Chile e Austrália, recebi o Nick e ele acabou me dando o ingresso. Foi minha primeira vez num estádio de futebol. Apesar de ser apaixonada por futebol desde que nasci, nunca tinha visto um jogo dentro do estádio. E essa oportunidade veio do outro lado do mundo, da Austrália direto pra Cuiabá.
Despertar de uma ambição
Foi a primeira vez também de Lucas Di Almeida na Arena Pantanal. Então um garoto de oito anos, esteve nas arquibancadas na Arena Pantanal naquele Japão 1 x 4 Colômbia. E dali surgiria um sonho.
– Quando chegou o dia da Copa, foi uma felicidade extrema. Nunca tinha vindo na Arena. Foi a primeira vez e vi uma Copa do Mundo. Naquele dia eu falei que era a sensação que eu queria sentir, a torcida gritando. Gritava o nome do Cuadrado e ele batia palma pra torcida. Pensei “é ali que eu quero estar daqui uns anos”. Foi muito marcante, onde eu quis de verdade começar o futebol.
Hoje com 18 anos, o jovem atua como meia do time sub-20 do Cuiabá. E vive a expectativa de jogar no palco de Copa do Mundo, a exemplo do ídolo colombiano.
– Só de pensar já dá uma emoção bem grande no coração, passa um filme na cabeça. Está perto, se Deus quiser.
Sorte de Copa
Entre as centenas de apaixonados nas cadeiras, dois irmãos de Cuiabá ganharam a chance de usufruir por outra perspectiva. Victor Hugo e Eduardo Ferreira da Costa estiveram entre as crianças que entraram em campo com os jogadores – os player escorts, em inglês (ou mascotes, para nós). E tudo ocorreu de maneira curiosa: venceram concurso de uma revista em que as mãe os inscreveu.
– A gente não estava acreditando que ia conseguir, tiramos umas fotos aleatórias. Eu estava com uma peruca verde e amarela, com a bandeira do Brasil, meu irmão com o pompom. Ligaram pra gente e falaram que tínhamos vencido. Minha mãe ficou feliz demais, eu fiquei feliz demais – contou Victor Hugo, que entrou com os jogadores da Bósnia no jogo contra a Nigéria.
Eduardo acompanhou atletas do Chile e, atualmente, é centroavante na categoria sub-17 do Mixto. Já até levantou taça na Arena Pantanal, pois foi campeão da Taça das Favelas de Mato Grosso em 2023.
– Me considero muito sortudo. Graças a Deus e à minha mãe conseguimos vencer a promoção. É inexplicável, tanto pro meu irmão quanto pra mim. Naquela época foi incrível e é nostálgico pra gente. Dá muita saudade quando vemos os vídeos, é muito bom.
No maior tempo do futebol de Mato Grosso, momentos capazes de sobreviver a décadas foram vivenciados pela empolgada torcida.
Fonte GE Esportes