Em apenas 100 dias à frente da Prefeitura de Cuiabá, o prefeito Abílio Brunini já nomeou três secretários municipais de Educação — em média um por mês. A instabilidade administrativa, por si só, já seria grave. Mas o problema se agravou quando, nesta semana, Abílio decidiu comprar uma briga pública com toda a categoria da educação ao declarar, em vídeo publicado nas redes sociais, que não aceitará a ausência de aulas no dia 17 de abril, data que, segundo ele, não é feriado nem ponto facultativo, ainda que constasse como dia letivo compensado em diversos calendários escolares previamente aprovados pela própria Secretaria Municipal de Educação.
“Não vou aceitar”, disse o prefeito em tom de ameaça, advertindo diretores e conselhos escolares de que não têm autonomia para organizar o calendário pedagógico das escolas públicas municipais, mesmo dentro dos limites legais de carga horária e dos 200 dias letivos obrigatórios. A fala, considerada autoritária e desinformada por educadores, provocou imediata reação da categoria. Um dos que se manifestaram com firmeza foi o professor Jairo Souza, que classificou a postura do prefeito como “covarde” e “desrespeitosa”, acusando-o de tentar constranger publicamente os servidores e gestores escolares.
A professora Valquíria Pereira também rebateu a postagem de Abílio, lembrando que há planejamento pedagógico em curso, com jornadas compensatórias definidas previamente, como no caso do dia 15 de outubro — Dia do Professor. A Secretaria de Educação teria validado essas decisões, o que expõe a contradição entre o discurso do prefeito e a prática institucional da própria gestão municipal. Diante de uma rede que abrange quase 200 unidades educacionais e milhares de profissionais, a insistência de Abílio em governar via Instagram, desconsiderando o diálogo técnico e pedagógico, revela um cenário preocupante: a Educação em Cuiabá está à deriva, vítima de vaidades políticas e autoritarismo.


