A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) neste domingo (15), no estúdio da TV Cultura, é um perigoso precedente de violência física em debate eleitoral.
- A agressão nos leva a uma discussão sobre o crescimento e a consolidação das campanhas de ódio no Brasil.
Especialistas falam em “profissionalização do ódio” na política, com repercussões em tempo real, nas redes, e com aposta de crescimento eleitoral a partir de ataques verbais e físicos.
E os pesquisadores dizem que o fato de parte da população assistir a debates torcendo pela violência tem uma explicação.
Boa parte da sociedade digital não está inserida no mercado de trabalho e tem assistido à política com distanciamento, desinteresse e estafa dos chamados “políticos tradicionais”. Isso abre a porteira para candidatos que se dizem antissistema.
?Esse sentimento antissistema tem gosto de sangue na boca, é uma revolta. E nada mais previsível, numa sensação de revolta, do que descumprir leis?, disse o cientista político Carlos Melo ao blog .
?Tem uma estética política da violência, eliminar o inimigo. Retroagimos um século no nosso ambiente civilizatório e político?, completa o especialista.
Para pesquisadores, há um sentimento antissistema em relação ao Estado e a política não consegue dar respostas. ?A nossa democracia tá pagando por isso?, sintetizou Melo.
Datena disse nesta segunda-feira (16) que errou, mas não se arrepende. No partido dele, o PSDB, não há sinais de que Datena será punido.
Há, inclusive, manifestações que relativizam a violência. Ele foi incitado e desrespeitado por Marçal? Sim, e muito. Marçal ofendeu a honra de Datena. Mas o tucano, em razão disso, poderia dar uma cadeirada em Marçal? Não. A democracia não comporta a violência como resposta.
Fonte G1 Brasília