Os depoimentos de Mauro Cid, ex-braço direito de Bolsonaro, têm “acrescentado detalhes relevantes” com o objetivo de “preencher lacunas”. É assim que investigadores descrevem o papel dele nas investigações até agora.
Cid é visto como uma ponte para fechar fatos da investigação e obter provas que reforcem os indícios que já se têm em mãos. O teor dos depoimentos é mantido no mais absoluto sigilo.
Apesar de não ter o papel de revelar fatos integralmente novos, Cid tem dado declarações consideradas estratégicas. E a expectativa é que ele seja chamado a dar novos depoimentos.
A ausência de fatos novos, por ora, deixa Cid na condição de investigado que colabora, não de delator. A contrapartida esperada pela defesa é tirá-lo da prisão até ser julgado ? uma busca que não é um prêmio, como em uma delação, porque não passa por redução de pena, mas um reconhecimento pela disposição em colaborar com as investigações.
Cid está preso desde o início de maio, por suspeita de ter fraudado o cartão de vacinas do então presidente da República. As investigações apontam que o objetivo seria para que Jair Bolsonaro pudesse entrar nos Estados Unidos informando ter se vacinado contra a Covid.
Bolsonaro sempre disse que não havia se vacinado, mas consta do cartão de vacinas dele a imunização contra a Covid. E Cid é suspeito de ter atuado para fraudar o sistema do Ministério da Saúde.
Temas
Os investigadores focam em pelo menos três temas nos questionamentos: hacker, joias e cartão de vacina ? esse último ainda será tema de perguntas em futuros depoimentos.
Os assuntos são considerados essenciais para uma eventual delação ? até agora Mauro Cid deu depoimentos com “potencial” para virar uma colaboração premiada.
Sobre as joias, Mauro Cid têm dado detalhes que confirmam o que a PF já tem: compra, venda, resgate, aplicação e transferências ao pai ? além do dinheiro vivo trazido dos EUA e que seria remetido a Bolsonaro e Michelle, como disse o advogado Cezar Bitencourt à GloboNews.
Sobre Walter Delgatti, Cid falou sobre a conversa revelada pelo hacker sobre o episódio em que Bolsonaro o questionou se, munido do código fonte, poderia invadir as urnas. Cid não acompanhou a conversa toda, mas confirmou que sabia do encontro.
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Fonte G1 Brasília