Em vídeo gravado no Salão Verde da Câmara dos Deputados, em Brasília, o deputado federal José Medeiros (PL-MT) referiu-se aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro como “pessoas ordeiras”, minimizando a gravidade de um dos episódios mais sombrios da democracia brasileira. O parlamentar omitiu que as manifestações terminaram em depredação das sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, numa tentativa frustrada de ruptura institucional, conduzida por uma multidão insuflada por teorias conspiratórias e ressentimentos eleitorais.
Embora entre os presentes houvesse, sim, indivíduos de boa-fé — enganados por um ambiente de desinformação e histeria — a massa foi, em sua maioria, mobilizada por interesses golpistas. A baderna era o meio e o pretexto para provocar uma reação das Forças Armadas, que, fragmentadas e sem coesão, não aderiram à aventura autoritária. Sem apoio institucional, os manifestantes recorreram ao vandalismo, destruindo patrimônio público e ultrajando os símbolos da República.
É, portanto, profundamente irresponsável e perigoso que um parlamentar da República naturalize tais atos, classificando como “erros” o que foi, na verdade, uma tentativa de golpe contra o Estado democrático de direito. Chamar de ordeiros os que atentaram contra a Constituição revela não apenas conivência, mas também afronta à memória da nação e ao compromisso republicano que todo deputado jurou defender.