O deputado estadual Gilberto Catani — o mesmo que já causou escândalo ao comparar mulheres a vacas na sua fazenda — voltou a incorrer em declarações irresponsáveis. Em vídeo publicado em suas redes sociais, Catani acusou genericamente “a esquerda” de estar por trás de assassinatos como os de Celso Daniel e Toninho do PT, além de insinuar que a morte acidental do ministro do STF Teori Zavascki teria servido para beneficiar a ascensão de Alexandre de Moraes à Suprema Corte .
Não satisfeito, Catani ainda incluiu em seu discurso a tentativa de assassinato contra Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018. Neste caso, porém, os fatos são públicos e inquestionáveis: o autor da facada, Adélio Bispo, foi preso, julgado e afastado por insanidade, sem que qualquer prova tenha jamais vinculado sua ação ao PT, a Lula ou a qualquer organização política. Além disso, Bolsonaro governou o país durante quatro anos com amplo controle sobre as instituições investigativas e jamais apresentou qualquer evidência que corroborasse tais alegações.
Diante de tais declarações, é preciso fazer um alerta: um parlamentar que ocupa cargo de responsabilidade pública deve medir suas palavras com rigor. Insinuar complôs e assassinatos sem qualquer lastro probatório — especialmente em temas já exaustivamente esclarecidos pelas autoridades — só contribui para a degradação do debate público e para a disseminação de teorias conspiratórias. Se dispõe de provas, que o deputado as apresente à Justiça. Caso contrário, seria prudente que refreasse sua retórica, em respeito à memória das vítimas e à inteligência da sociedade.