Rivais em Alagoas, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) devem se enfrentar também no Congresso Nacional pela isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Enquanto o deputado relata o projeto encaminhado em março pelo governo, Renan quer pautar ? e também relatar ? uma proposta alternativa na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, da qual é presidente.
De um lado, Renan chama de “lentidão inegável” a tramitação da proposta pelos deputados.
Do outro, aliados de Lira avaliam que Renan faz uma “provocação” em cima do assunto e que está contaminando o tema com a disputa de Alagoas, em especial a eleição para o Senado no próximo ano, cargo para o qual ambos querem concorrer.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou o projeto de isenção do IR em março deste ano para a Câmara. A relatoria do texto ficou com Lira.
Em julho, Lira teve uma vitória na Comissão Especial sobre o tema e seu parecer foi aprovado. Um mês depois, em agosto, o plenário da Câmara aprovou urgência para o texto.
Mas a votação ainda não entrou na pauta do plenário. Interlocutores do ex-presidente da Câmara atribuem a dificuldade a um “conflito constante” vivido pela Casa, com um clima não tão favorável para o governo.
Na segunda-feira (15), Renan Calheiros criticou a demora para aprovação de ?agendas de interesse da sociedade, e não de grupos? no Congresso. Ele lembrou ainda que, para a isenção do IR valer para o ano que vem, é preciso aprovar o projeto ainda em 2025, pelas regras da economia brasileira.
Com isso, o senador vai ressuscitar na terça-feira (16) um projeto de lei apresentado pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) em 2019 sobre isenção de imposto de renda.
Segundo afirmou à GloboNews, Renan será o relator do projeto e deve buscar uma aproximação de seu parecer com o texto apresentado pelo governo Lula.
A discussão do texto alternativo deve começar na terça-feira (16) mesmo, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, da qual Renan é o presidente.
Aliados de Lira avaliam que o movimento de Renan não tem efetividade e citam que a própria ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, tem defendido publicamente Arthur Lira e a sua relatoria.
Rivalidade em Alagoas
De grupos políticos rivais, Lira e Renan são desafetos declarados. A tensão tende a piorar nos próximos meses com a aproximação das eleições de 2026.
Tanto Lira quanto Renan devem concorrer para o Senado. Duas vagas serão abertas para a representação de Alagoas, mas ambos sabem que são os nomes que mais despontam no momento.
Aliados próximos de Lira veem um incômodo de Renan com uma suposta falta de resistência de alas do governo com a candidatura de seu rival.
As chapas para o pleito estão em negociação, mas Lira articula o seu nome e, até o momento, o presidente Lula tem sinalizado um caminho aberto de apoio ao deputado ? ou, ao menos, não tem colocado resistência, avaliam esses interlocutores.
Por isso, para aliados, Lira não deve entrar no jogo de Renan e continuar focado na ?política?. Eles indicam que o projeto de isenção tem resistências porque precisa de compensação ? ou seja, precisa taxar grupos com rendas maiores ? e esse seria o motivo da tramitação mais calma.
Durante a discussão na Câmara, Lira manteve a isenção para quem ganha até R$ 5 mil e aumentou os descontos progressivos para quem ganha até R$ 7.350 ? o texto do governo ia até R$ 7 mil.
Em 2026, a isenção de IR vai custar R$ 25,8 bilhões. Para compensar a perda de arrecadação, Lira manteve a proposta do governo de tributar com uma alíquota progressiva de até 10% quem ganha mais de R$ 600 mil por ano.
Fonte G1 Brasília