É #FAKE que vitória de Trump nos EUA levou Gilmar Mendes a mudar de posição sobre ataques do 8 de Janeiro

• Publicações no TikTok e no Facebook exibem uma imagem com o seguinte texto: “Gilmar Mendes afirma que não houve tentativa de golpe em 8 de janeiro. Efeito Donald Trump. Eles viram as imagens e sabem que o golpe é deles”.
• Já o vídeo reproduz um trecho uma entrevista de Gilmar Mendes ao programa de TV Jornal 2, da rede RPT Notícias, de Portugal. O corte mostra o que o ministro ao ser questionado sobre o risco que a invasão da praça dos Três Poderes representou para a democracia brasileira: ?Certamente, não houve de forma muito clara, não se pode dizer, uma tentativa de golpe. Não houve quem quisesse assumir o poder. Ocuparam o Supremo Tribunal Federal, ocuparam o Palácio do Planalto e ocuparam parte do Legislativo. Em seguida, as forças policiais atuaram, e esses palácios foram esvaziados. Mas, de qualquer forma, causaram um imenso tumulto”.

Gilmar Mendes deu essa declaração em 18 de janeiro de 2023. Ou seja, muito antes da vitória de Trump na eleição presidencial, em novembro de 2024, e da posse dele na Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025.

• Para descobrir a data da entrevista citada no post mentiroso, o Fato ou Fake selecionou um frame (imagem estática) do vídeo e fez uma busca reversa no Google Lens, ferramenta que aponta a origem de fotos na internet.
• Procurada pelo Fato ou Fake para falar sobre a fake, a assessoria de imprensa do ministro esclareceu:

“A entrevista do ministro Gilmar Mendes à emissora portuguesa RTP foi realizada dez dias depois do atentado ao Supremo Tribunal Federal no dia 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, as investigações ainda estavam em fase inicial. À medida que novos indícios foram trazidos à tona, o ministro se posicionou duramente sobre a tentativa de golpe em diversas entrevistas recentes”.

• Já no primeiro dos julgamentos dos réus do ataque do 8 de Janeiro, Gilmar foi um dos ministros do STF que votaram pela condenação de réus, com base nos crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado democrático de Direito.
• A assessoria do ministro informa que essa posição tem sido mantida mesmo após a volta de Trump ao poder. Como exemplo, cita um julgamento de 4 de fevereiro de 2025, no qual Gilmar votou pela condenação a 17 de prisão de Marcelo Fernandes Lima, por furto de uma réplica da Constituição no prédio do STF.

“No caso do réu que furtou a cópia da Constituição, o ministro Gilmar acompanhou integralmente o relator, ministro Alexandre [de Moraes]”, afirma a nota.

• Em entrevista concedida ao Estúdio i, da GloboNews, em 8 de abril de 2025, o ministro classificou o 8 de Janeiro como “bastante grave” e declarou que se não tratou de “algo ingênuo”. Também se posicionou contra a anistia dos réus já condenados:

“Não faz sentido algum discutir anistia neste ambiente, e os próprios presidentes das duas casas [Câmara e Senado] têm consciência disso. Seria a consagração da impunidade em um fato que foi e é extremamente grave. Estivemos muito perto de um golpe de Estado, uma tragédia política. Isso é extremamente grave”.

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