O presidente Lula tem demonstrado entusiasmo, com razão, com o bom momento da economia, mas pode acabar virando um risco para a sua própria equipe econômica.
Depois do sucesso da redução de tributos para venda de carros, agora o petista quer repetir o programa com produtos da linha branca, geladeira e máquinas de lavar roupa, e TVs, cortando impostos para estimular vendas de eletrodomésticos.
Só que isso preocupa a equipe econômica, que, neste momento, busca encontrar receitas para evitar um déficit nas contas públicas no próximo ano.
Interlocutores dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, alertam que o governo não pode dar como vencida a batalha contra a inflação. E uma sinalização de afrouxamento da política fiscal vai acabar afetando a política monetária, em um momento em que o Banco Central deve começar em breve um processo de redução da taxa de juros.
Um novo programa de redução de tributos, agora para a linha branca, terá de ser acompanhado por uma compensação de aumento de receitas do outro lado.
E não há mais espaço no orçamento para isso. Por sinal, a equipe econômica busca garantir que o ano feche com um rombo nas contas públicas de 1% do PIB (Produto Interno Bruto), metade da previsão inicial, que aponta para um déficit acima de 2% do PIB neste ano.
Nesta quarta-feira (12), o presidente Lula chegou a mandar um recado para a equipe econômica ao anunciar seu desejo de criar um programa para os produtos da linha branca. Ele disse que a ministra Simone Tebet, responsável pelo controle do orçamento da União, deveria abrir um pouco a mão.
Ou seja, aceitar um déficit um pouco maior para bancar a medida ainda neste ano. A ministra, porém, pediu calma neste momento em que a economia começa a reagir e os juros devem cair em agosto.
Neste ano, a meta de Fernando Haddad é fechar o ano com um déficit na casa de R$ 90 bilhões a R$ 100 bilhões, contra um rombo autorizado no Orçamento de 2023 acima de R$ 200 bilhões. Em 2024, o Ministério da Fazenda tem o ousado desafio de fechar o ano com um déficit zero.
As primeiras projeções do Ministério do Planejamento indicam o risco de um pequeno déficit, mas Haddad segue confiante de que pode zerar o rombo nas contas públicas com novas medidas de aumento de receitas.
A ministra Simone Tebet disse à GloboNews que o ministro da Fazenda tem três cartas na manga para elevar as receitas, sem aumentar tributos, na eventualidade de um risco de déficit no ano que vem.
Fonte G1 Brasília