O ex-comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Alexandre Corrêa Mendes, fez duras críticas à condução da recente operação policial que resultou na prisão de diversos PMs, destacando a exposição pública dos acusados e a falta de respaldo institucional. Em um artigo contundente, Mendes apontou que os policiais foram tratados como culpados antes mesmo de qualquer julgamento, com seus nomes e endereços divulgados sem qualquer preocupação com o princípio da presunção de inocência. Segundo ele, até agora, apenas a PMMT e a Associação de Cabos e Soldados se manifestaram sobre o caso, enquanto representantes da Segurança Pública permaneceram em silêncio.
O coronel também criticou declarações políticas que estariam condenando os militares sem o devido processo legal, utilizando discursos populistas como “o Estado não coaduna com bandidos fardados” e “esses PMs serão todos expulsos”. Para Mendes, tais falas apenas inflamam a opinião pública sem considerar a individualização das condutas, transformando suspeitos em culpados perante a sociedade antes da conclusão das investigações. Ele reforçou que, embora o crime cometido contra o Dr. Renato Nery precise ser elucidado com urgência, isso não justifica a execração pública dos policiais envolvidos na investigação.
Além disso, o ex-comandante questionou a omissão dos representantes da PMMT e da Segurança Pública, que deveriam se posicionar em defesa dos policiais e garantir que o devido processo legal fosse respeitado. Ele alertou para o impacto moral da situação dentro da corporação, afirmando que os militares estão sofrendo em silêncio enquanto enfrentam julgamentos precipitados e uma pressão pública desproporcional. Para ele, o silêncio das lideranças está permitindo injustiças contra aqueles que diariamente colocam suas vidas em risco para proteger a sociedade.
Por fim, Mendes fez uma crítica direta ao governador, destacando que a Operação Tolerância Zero, lançada como uma grande ação de combate ao crime, até o momento não apresentou os resultados esperados. Segundo ele, a iniciativa se tornou mais um discurso político do que uma estratégia eficaz de segurança pública. O ex-comandante sugeriu que, enquanto os verdadeiros responsáveis não forem identificados com clareza e justiça, a operação continuará sendo apenas uma medida de impacto midiático sem efeitos concretos na segurança do estado.