A ex-jogadora da Seleção Brasileira, Tânia Maranhão, de 50 anos, foi dispensada pelo Ação-MT, equipe que disputa a Campeonato Brasileiro Feminino Série A2 2025. A demissão também atingiu as jovens atletas Rayssa Wenceslau, de 20 anos, e Izadora Lopes, de 24 anos. Segundo a assessoria jurídica de Tânia, a saída foi inesperada e sem justificativa formal por parte do clube. Em contato com o ge, a diretoria do Ação informou que as atletas se envolveram com o futebol amador da região.
A zagueira relatou com indignação o episódio de sua demissão do Ação e revelou ficar surpresa com a forma que ocorreu. Segundo ela, havia sido informada de uma reunião, e o diretor foi buscá-las na “Casa do Atleta” para levá-las ao centro de treinamento. ?Não esperava que ia ser demitida, jamais?, declarou Tânia Maranhão.
Com vasta experiência no futebol feminino, Tânia desabafou sobre sua paixão pela profissão e o sentimento de traição diante da atitude do clube. ?Eu amo o que eu faço, amo. Você não tem noção como eu amo, cara. De verdade?, disse. Para ela, a forma como tudo aconteceu foi desrespeitosa e dolorosa: ?Eu tomei uma facada pelas costas, não esperava de jeito nenhum?, disse ao ge.
Tânia afirmou que as atletas foram injustamente acusadas de terem pedido demissão, o que, segundo ela, não condiz com a realidade. ?Está sendo uma coisa muito revoltante, de indignação, de repúdio mesmo, porque eu não esperava isso?, disse, mencionando que abriu mão de sua família e de outras coisas importantes para estar no clube.
De acordo com o advogado da atleta, Higor Maffei Bellini, mestre em Direito Desportivo, a rescisão contratual configura-se como sem justa causa, uma vez que não houve comunicação prévia e nem explicação oficial sobre os motivos da dispensa.
– Ela não pediu demissão, não tem outro clube em vista, e não foi informada da razão da sua saída. Isso é injusto do ponto de vista jurídico e humano. A Tânia estava morando na “Casa do Atleta” do clube e cumpria integralmente com suas obrigações – destacou Bellini.
Ainda segundo a defesa, a zagueira foi surpreendida pela decisão e deverá ingressar com uma ação judicial cobrando os direitos trabalhistas e garantias asseguradas pela CLT e pela Lei Pelé.
– Uma demissão dessa forma desestabiliza completamente a carreira de um atleta, especialmente no meio de uma temporada, quando a maioria das equipes já está com seus elencos fechados – pontuou o advogado.
Segundo a diretoria do Ação-MT, o desligamento das atletas ocorreu devido ao relacionamento delas com uma equipe do futebol amador local. Embora Tânia não tenha jogado, sua presença em uma partida do campeonato de várzea teria causado desgaste com o clube de Santo Antônio de Leverger.
Tânia afirmou que apenas assistiu a uma partida durante sua folga, respeitando o horário de retorno, sem motivo para sua demissão. Negou ter pedido desligamento ou estar a caminho de outro clube, como foi falado, reforçando que sua prioridade sempre foi o Ação. Segundo ela, o convite partiu de um amigo e foi tratado com naturalidade.
Nesta temporada, a experiente zagueira realizou quatro partidas como titular pelo Tuiuiú Pantaneiro na Série A2, somando 360 minutos em campo. No último jogo, o Ação foi derrotado em duelo regional contra o Mixto, por 1 a 0, no Dutrinha.
No ano passado, Tânia fez oito jogos com a camisa do Ação e conquistou o acesso da Série A3 para a Série A2 do Brasileiro Feminino, sendo uma das principais atletas do elenco, principalmente nos quesitos disciplina e liderança.
Tânia Maranhão é uma das figuras mais respeitadas do futebol feminino brasileiro. Com passagem marcante pela seleção, a atleta segue em atividade mesmo aos 50 anos de idade, demonstrando dedicação pelo esporte. A jogadora afirmou, por meio de sua assessoria, que não tem planos de se aposentar e pretende seguir jogando até, pelo menos, até metade de 2026. Agora, ela se vê diante do desafio de buscar uma nova equipe após a rescisão considerada injusta.
Além de longos anos vestindo a camisa da seleção brasileira, com atuações em três Copas do Mundo e quatro Jogos Olímpicos, Tânia Maranhão defendeu clubes como São Paulo, Rayo Vallecano, Vasco, Botafogo, Flamengo, entre outros.
Campanha na Série A2
O Ação está em terceiro lugar do grupo B do Campeonato Brasileiro Feminino A2, com seis pontos, sendo duas vitórias e dois empates. A equipe marcou seis gols e sofreu três.
O time de Santo Antônio de Leverger volta a campo neste sábado (24), em confronto direto contra o Itacoatiara-AM, a partir das 15 horas, no Estádio Dito Souza, em Várzea Grande.
Fonte GE Esportes