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Funcionário diz que atual Abin hackeou instituições do Paraguai; governo Lula diz que interrompeu ação ao tomar conhecimento

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Um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou em depoimento à Polícia Federal que a atual gestão da agência manteve operações de invasão hacker a sistemas do governo do Paraguai, inclusive do Congresso, da Presidência da República e de autoridades envolvidas nas negociações da usina de Itaipu.

As informações foram publicadas pelo portal UOL. A TV Globo teve acesso a trechos do depoimento.

O servidor disse que o ataque começou ainda no governo Jair Bolsonaro, mas que continuou durante o governo Lula, com autorização expressa do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, e do diretor interino Saulo de Cunha Moura, que ocupou o cargo entre março e maio de 2023.

Em nota, o governo Lula disse que interrompeu a ação assim que ficou sabendo dela, em maio de 2023 (veja nota mais abaixo).

Depoimento do servidor da Abin

Segundo o depoimento, a ação tinha como objetivo obter dados sigilosos sobre valores em negociação no Anexo C do Tratado de Itaipu.

  • ?O Anexo C do Tratado de Itaipu estabelece as bases financeiras e de prestação de serviços de eletricidade da usina hidrelétrica binacional, incluindo a fórmula para o cálculo do preço da energia produzida. Esse anexo prevê que, após 50 anos de vigência, suas cláusulas podem ser revistas, o que ocorreu em abril de 2023.

O funcionário relatou o uso de ferramentas de intrusão como Cobalt Strike e o envio de e-mails com engenharia social para capturar senhas, cookies de sessão e acessos de autoridades paraguaias.

Ainda de acordo com o relato à PF, foram invadidos sistemas do Congresso do Paraguai (Senado e Câmara), além da Presidência da República. O servidor disse que as ações foram executadas a partir de servidores hospedados no Panamá e no Chile, e que as ferramentas foram apresentadas em reuniões internas da Abin, com aprovação da alta cúpula.

“O objeto da operação era a obtenção dos valores que seriam negociados do Anexo C […]. Foram alvos o presidente do Paraguai, o presidente do Senado e autoridades relacionadas diretamente à negociação”, disse o servidor à PF.

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Nota do governo do Paraguai

Em nota oficial, o chanceler paraguaio Rubén Ramírez Lezcano afirmou que não há evidência de que o Brasil tenha promovido ataques cibernéticos contra sistemas do país.

?O Paraguai não tem nenhuma evidência de que o Brasil tenha atacado seus sistemas informáticos?, disse o ministro.

?Temos tranquilidade de que as informações que administramos nas negociações internacionais estão resguardadas.?

Ele destacou que as tarifas de energia já estão acordadas até 2027 e que as negociações do Anexo C de Itaipu seguem dentro do cronograma previsto. Também afirmou que as comunicações com o Brasil são institucionais, e que os órgãos de inteligência dos dois países estão em contato.

?Me informaram que vai haver uma aclaração respectiva de parte do Brasil?, completou o chanceler, após conversa com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

O que diz o governo Lula

O governo brasileiro divulgou nota nesta segunda-feira (1º) dizendo que não patrocinou espionagem e interrompeu as ações assim que tomou conhecimento da existência delas.

?O governo do Presidente Lula desmente categoricamente qualquer envolvimento em ação de inteligência contra o Paraguai?, diz o texto.

?A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da ABIN em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato.?

A nota afirma que o atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, só assumiu oficialmente em 29 de maio de 2023, quando seu nome foi aprovado pelo Senado, e que a operação já havia sido interrompida antes disso.

?O governo do Presidente Lula reitera seu compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo.?

Fonte G1 Brasília

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