A disputa pela vaga do Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça de Mato Grosso ganhou novos contornos com a movimentação do deputado federal Emanuelzinho (MDB) no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A reclamação protocolada pelo parlamentar busca suspender a inclusão do promotor Deosdete Cruz na lista sêxtupla, que foi reduzida a uma quádrupla, e pode comprometer os planos do governador Mauro Mendes.
O caso expõe uma suposta articulação para garantir a nomeação de Deosdete ao cargo de desembargador. O promotor, conhecido por sua proximidade com o governador, teria blindado a atual gestão de investigações do Ministério Público em troca do apoio à sua indicação. Para reforçar a denúncia, Emanuelzinho também questionou a imparcialidade da relatora do caso no CNMP. O deputado alega que a magistrada foi convidada para a posse do novo procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Rodrigo Costa, pelo próprio Deosdete, e tem vínculos com a Unialfa, instituição com a qual Deosdete firmou um convênio milionário quando estava à frente do MP.
Além disso, a recente aposentadoria antecipada de um desembargador do TJ-MT levanta suspeitas de que o movimento teria sido coordenado para abrir caminho à nomeação de Deosdete. O promotor, em sua gestão no Ministério Público, teria marcado sua atuação pela subserviência ao governo, beneficiando a administração estadual e, agora, colhendo os frutos dessa aliança.
Nos bastidores, a possibilidade de o CNMP abrir um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra Deosdete gera apreensão no Palácio Paiaguás. Um PAD pode tirá-lo da disputa e desmantelar o arranjo político cuidadosamente planejado para consolidar sua ascensão ao Tribunal de Justiça.
O governador Mauro Mendes reagiu com ataques ao deputado Emanuelzinho, sugerindo que o parlamentar deveria “tomar vergonha” por tentar barrar a indicação de Deosdete. O tom inflamado da resposta evidencia o nervosismo do chefe do Executivo estadual diante do risco de perder o controle sobre a escolha do novo desembargador.
Se as suspeitas forem confirmadas e o CNMP decidir pelo afastamento de Deosdete da disputa, será um golpe duro para o governador, que contava com essa nomeação para manter sua influência no Judiciário. A manobra, que parecia garantida, pode ruir sob o peso das denúncias e da pressão pública por transparência no processo de escolha do novo magistrado do TJ-MT.