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Igualdade de gênero e clima dificultam consenso na declaração final do G20

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Divergências em torno de temas como igualdade de gênero e enfrentamento à emergência climática dificultam a conclusão das negociações para a declaração final dos chefes de Estado do G20.

Segundo informações de negociadores envolvidos nas tratativas e de fontes diplomáticas, as negociações avançaram bastante nas últimas horas, mas há pontas soltas que vão ter de ser resolvidas em conversas bilaterais até o final da cúpula, na terça-feira.

Os negociadores dos países, conhecidos como sherpas, avançaram a madrugada deste sábado tentando chegar a um encaminhamento. Eles passaram os últimos dias reunidos em um hotel colado no Aeroporto Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro.

Por volta de 4h, o sherpa brasileiro, o diplomata Maurício Lyrio, apresentou um esboço de declaração com os pontos consensuais e encerrou as negociações conjuntas entre os sherpas. O texto deverá ser apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda hoje.

As divergências residuais vão ser tratadas em diálogos bilaterais até no máximo terça-feira, quando terminará a cúpula e haverá a leitura da declaração.

O tema igualdade de gênero não era motivo de preocupação para o Itamaraty. Há um entendimento de que a defesa de que homens e mulheres recebam salários equivalentes é um tema consensual.

O que chamou atenção dos diplomatas é que o questionamento não veio de nações islâmicas, e sim da Argentina de Javier Milei. O país vizinho já havia se oposto a uma declaração em defesa da igualdade de gênero em outubro, numa reunião do G20 em nível ministerial. Foi o único país que não assinou a declaração sobre o tema. Agora, os argentinos dificultam o capítulo sobre o tema na declaração final.

Na pauta climática, países ricos, como Alemanha e França, defendem que o capítulo que trata do assunto faça menção à exigência de que países emergentes também sejam obrigados a financiar fundos de mitigação da emergência climática.

Tal entendimento vai na contramão do que foi definido no Acordo de Paris, que estabeleceu a obrigatoriedade dos repasses apenas pelas nações ricas. Lula é um dos líderes que se opõem a essa ideia de que países pobres também devem pagar a conta.

A declaração dos chefes de Estado é o principal documento do G20. A ausência de consenso é vista como um fracasso não só para o país que ocupa a presidência, no caso o Brasil, mas também para o conjunto de nações que integram o organismo.

Outro ponto que houve resistência da Argentina é a ideia de que os países devem buscar formas de taxar super ricos, mas o assunto deixou de ser o principal entrave na reta final das conversas.

O capítulo sobre as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio também é espinhoso. Para não contaminar as reuniões em nível ministerial ao longo do ano, o Brasil conseguiu um acordo com os outros países do G20 para tratar do tema apenas na reta final, na cúpula de líderes.

As potências ocidentais defendem um tom duro contra a Rússia, condenando a invasão na Ucrânia. Já os países do Sul Global pressionam para que haja uma crítica contundente a Israel pelos ataques em Gaza e no Líbano.

Segundo os negociadores, houve avanços na discussão geopolítica nos últimos dias. A tendência, no entanto, é que o tema seja tratado de forma mais superficial e genérica.

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Fonte G1 Brasília

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