Em um inquérito sigiloso, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) investiga a suspeita do envolvimento de policiais civis e militares do estado no vazamento de dados do Sistema Detecta. A ferramenta foi implantada pelo Governo do Estado em 2014 e é usada para a fiscalização do trânsito, mas também para a localização e prisão de criminosos.
O sistema conta com mais de 3 mil câmeras e está integrado aos bancos de dados das polícias civil e militar, com informações e fotos de criminosos procurados, cadastro de pessoas desaparecidas, dados sobre a situação de veículos, se estão com os documentos em ordem, se foram furtados, roubados ou clonados.
O inquérito da Polícia Civil foi aberto na semana passada depois que a Justiça Federal do Paraná tirou o sigilo da investigação sobre os planos de uma facção criminosa para sequestrar e matar autoridades de Estado, entre elas o senador Sergio Moro (União Brasil). A cúpula da Polícia de São Paulo determinou sigilo total do caso e investigação rigorosa.
O relatório da Operação Sequaz apontou que o Detecta, importante ferramenta de inteligência, também era usado pela facção criminosa para obter informações de uso restrito das forças de segurança pública.
O documento da Polícia Federal apontou uma mensagem interceptada pelos investigadores no começo de fevereiro deste ano. Um dos integrantes da quadrilha diz:
“Parceiro. boa noite, tranquilo?”
Depois de mandar a foto da placa de um carro, ele pede mais detalhes sobre o deslocamento do veículo, em um período específico. E ainda reforça que a consulta deveria ser feita pelo Sistema Detecta:
“Consegue dar uma força pra mim, pra vê (sic!) lá no Detecta, lá?”
Pouco tempo depois, o cadastro completo foi enviado para a quadrilha, como nome do proprietário, número do chassi e onde o carro foi emplacado.
O Jornal Nacional mostrou que a polícia acredita que a quadrilha já desconfiava que estivesse sendo monitorada pelos investigadores e, por isso, estava buscando informações.
O carro consultado é uma viatura da Polícia Civil de São Paulo, que não tem identificação porque é usado em ações de inteligência.
A 4ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), apura o crime de invasão de dispositivo informático. Segundo a SSP, se confirmada qualquer irregularidade, “o responsável será levado à Justiça, onde será responsabilizado”. Até o momento não há nenhum procedimento aberto no Ministério Público com esse objeto.
Fonte G1 Brasília