O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu nesta quarta-feira (14) “ocupar” as Forças Armadas brasileiras com “coisas mais dignas” e “mais necessárias” à população brasileira em um eventual novo mandato.
Lula fez a declaração durante encontro com representantes de cooperativas em São Paulo e não citou o presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro já foi militar e é próximo das Forças Armadas. Os militares ganharam espaço no Executivo durante o governo dele, ocuparam a chefia de ministérios e cargos em outros escalões. Tanto nestas eleições quanto no pleito de 2018, Bolsonaro escolheu militares como vices.
Em meio aos ataques do Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro, o Ministério da Defesa também fez cobranças públicas e pressionou o TSE a adotar medidas para, diz a pasta, dar mais transparência às eleições (leia mais abaixo).
Lula falava sobre a proposta de criar um Ministério da Segurança para ampliar os esforços do governo no combate ao crime organizado e no controle das fronteiras quando citou os militares.
?Possivelmente a gente vai ocupar as nossas Forças Armadas com coisas mais dignas, com coisas mais sérias e com coisas mais necessárias ao povo brasileiro. Esse país vai voltar a ser dirigido por pessoas que têm competência para dirigir este país?, disse o petista.
Militares e eleições
Bolsonaro tem colocado em dúvida a transparência do sistema eleitoral brasileiro. Além disso, o presidente tem atacado as urnas eletrônicas e já chegou a sugerir que poderia não reconhecer uma derrota nas eleições de outubro – ele aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás de Lula.
Em meio aos questionamentos de Bolsonaro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convidou o Ministério da Defesa para participar de um grupo criado para aumentar a transparência do sistema eleitoral.
Sob a influência de Bolsonaro, o ministério, que é chefiado pelo general Paulo Sérgio Nogueira, cobrou publicamente do TSE a adoção de medidas apresentadas por militares que, segundo ele, teriam objetivo de aumentar a transparência das eleições. As cobranças geraram um mal-estar com a cúpula da Justiça Eleitoral.
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O sistema eleitoral brasileiro e a urna eletrônica são seguros. O TSE já apontou que ao menos parte das sugestões apresentadas pelos militares já é adotada.
Em julho, durante uma palestra nos EUA, o então presidente do TSE, ministro Edson Fachin, afirmou que os militares poderiam colaborar, mas não intervir nas eleições.
“Colaboração, sim. Intervenção, jamais”, disse Fachin, na época.
No mesmo dia, Nogueira afirmou que o sistema eletrônico de votação ?precisa sempre de aperfeiçoamento?, mas negou que as Forças Armadas coloquem em dúvida o processo eleitoral.
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Fonte G1 Brasília