O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta terça-feira (17), que o Brasil “não está 100% preparado para lidar” com eventos extremos, durante reunião com ministros e representantes dos Poderes sobre as queimadas e a seca histórica que atingem o país.
“Nós tivemos, nos últimos dias, um agravamento da situação no Brasil”, declarou o presidente, na fala de abertura do encontro.
Participam, além de Lula, os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso.
Além deles, também estão no encontro a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet (veja a lista completa abaixo).
O objetivo da reunião, segundo o governo, é dar um caráter de política de Estado ao combate às queimadas.
“O dado concreto é que hoje, no Brasil, a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas [eventos climáticos extremos]. As cidades não estão cuidadas, até 90% das cidades não estão preparadas para cuidar disso. Os estados são poucos os que têm preparação, que tem Defesa Civil, Bombeiro e brigadistas [suficientes], quase ninguém tem”, seguiu Lula.
O Brasil vive um período de seca recorde, que atinge estados de todas as regiões. A falta de chuvas, aliada a temperaturas mais altas para o período, tem facilitado o alastramentos das queimadas na vegetação.
- Grandes e importantes biomas para o equilíbrio ambiental do país ? Amazônia, Cerrado e Pantanal ? estão sendo gravemente afetados.
Segundo o presidente, o que se percebe no país, com a experiência da tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul e as queimadas neste semestre, é que a “natureza resolveu mostrar suas garras”.
“O que nós estamos percebendo, depois do que aconteceu no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, é que a natureza resolveu mostrar suas garras: ‘ou vocês cuidam de mim, ou eu não sou obrigada a aguentar tanta coisa errada que os humanos estão fazendo””, frisou.
Ação de criminosos
A ação criminosa é um tema de grande preocupação do governo federal, segundo o presidente Lula. Ainda durante a fala, o petista lembrou que apesar de não ser possível provar que a maior parte dos incêndios no país é de origem criminosa, os focos de incêndio parecem “provocação”.
“Há muita suspeita de que muitos dos incêndios são criminosos. Por exemplo, nós fomos fazer uma visita a uma comunidade na Amazônia e, na volta, parece provocação, mas nós encontramos vários focos de fogo, que foi feito aquilo pra gente ver que estavam tacando fogo mesmo, não estavam querendo esconder da gente”, relatou.
“Em São Paulo, a quantidade de incêndios que teve, e a quantidade de cidades [atingidas], no mesmo dia, é uma coisa impensável”, seguiu.
Mais cedo durante entrevista, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que o Brasil tem cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados sob risco de pegar fogo, por ação criminosa, em meio à maior estiagem da história recente do país.
O número representa quase 60% da área total do Brasil.
Importância do tema
Nessa segunda-feira (16), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, relatou ter recebido uma ligação do presidente Lula pedindo que as forças de segurança e o Judiciário tratem a questão dos crimes ambientais com a gravidade que o tema merece.
“O próprio presidente da República me telefonou, preocupado com a circunstância de impunidade em a essas queimadas dolosas, de modo que daqui faço já um apelo ao Poder Judiciário, aos juízes, que tratem esse crime com a seriedade que ele merece ser tratado”, disse o ministro.
Reunião com Poderes
Além de Lula, participam da reunião nesta terça-feira as seguintes autoridades:
- Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG);
- Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL);
- Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luís Roberto Barroso;
- Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin;
- Ministro da Casa Civil, Rui Costa;
- Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski;
- Ministra da Saúde, Nísia Trindade;
- Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva;
- Ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha;
- Advogado-Geral da União, Jorge Messias;
- Procurador-Geral da República, Paulo Gonet;
- Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro Herman Benjamin;
- Vice-Presidente do Tribunal de Contas da União, Ministro Vital do Rêgo Filho;
- Ministro ddo Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira; e
- Ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
Fonte G1 Brasília