O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia e sugeriu que, se os presidentes Volodymyr Zelensky (Ucrânia) e Vladimir Putin (Rússia) não conversam, é sinal de que “estão gostando da guerra”, caso contrário, já tinham encontrado uma solução pacífica.
“Tem que ter um acordo. Agora, se o [Volodymyr] Zelensky diz que não tem conversa com [Vladimir] Putin, Putin diz que não tem conversa com Zelensky, é porque eles estão gostando da guerra. Senão, já tinham sentado para conversar e tentar encontra uma solução pacífica”, afirmou o presidente brasileiro.
O presidente também declarou que não defende Putin no conflito iniciado há mais de dois anos, após as tropas russas invadirem a Ucrânia. Recentemente, Zelensky disse a jornalistas não entender o motivo para o Brasil priorizar aliança com a Rússia, o país agressor.
“Eu não faço defesa do Putin. O Brasil foi o primeiro país a criticar a Rússia pela invasão do país. O que eu não faço é ter lado. O meu lado é a paz”, disse.
O presidente, que durante o discurso na OIT defendeu um fim da guerra, justificou a ausência em uma reunião convocada pelo governo suíço para discutir o conflito.
Lula, que nesta quinta se reuniu com a presidente da Suíça, Viola Amherd, argumentou que não é possível negociar a paz em um fórum sem a presença de representantes dos russos.
“Eu tinha mandado carta para presidenta de que o Brasil não ia participar de uma cúpula que só tem um lado. As guerras são feitas por duas nações. Se quiser encontrar paz, tem que colocar os dois em um ambiente de negociação”, pontuou o presidente.
Ligação de Putin
Nesta segunda-feira (10), Lula recebeu uma ligação de Putin. No telefonema, o russo expressou solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, cerca de um mês após a tragédia que vitimou centenas no estado.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia também esteve em pauta. Segundo o Planalto, Lula reiterou a defesa de negociações de paz que envolvam os dois lados do conflito, alinhado ao documento assinado pelo assessor presidencial Celso Amorim e pelo chinês Wang Yi, que ocupa a mesma função no governo Xi Jinping.
Durante a visita de Amorim a Pequim, em 23 de maio, Brasil e China assinaram uma proposição defendendo uma “resolução política” para a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Além de uma lista de sugestões, como um aumento da ajuda humanitária e a proibição da ampliação de zonas de conflito, o texto determina que a Rússia também precisa estar incluída na mesa de discussões sobre uma eventual proposta de paz entre os dois países.
O documento vai na contramão do posicionamento de nações como Estados Unidos (EUA) e membros da União Europeia (UE), que defendem, assim como a Ucrânia, que qualquer proposta de paz deve começar somente depois que as tropas russas decidirem deixar o território vizinho.
Fonte G1 Brasília