Abílio Brunini, o prefeito que conquistou sua reeleição com uma campanha polêmica, começa 2025 premiando um aliado estratégico com um cargo público. Gustavo Vandoni da Silva Pereira, responsável pelo marketing do segundo turno da campanha de Abílio, foi nomeado Secretário Adjunto de Turismo da Prefeitura de Cuiabá, com direito a simbologia CGDA 3, conforme o ATO GP Nº 96/2025 publicado no último dia 2 de janeiro.
Nada contra um marqueteiro ser recompensado, afinal, em política, todo apoio tem um preço. Mas quando a conta dessa “parceria” envolve recursos públicos e problemas judiciais, a história deixa de ser simples gratidão e vira notícia. A Justiça Eleitoral, dias atrás, mandou Abílio devolver nada menos que R$ 2,8 milhões por irregularidades nas contas de campanha. E adivinhe? Entre as despesas questionadas, estava o pagamento de R$ 300 mil à empresa MT 360 Consultoria e Comunicação Ltda, que, segundo parecer técnico, falhou em apresentar documentação adequada para comprovar os serviços realizados. Essa mesma empresa atendia os candidatos aliados de Abílio, reforçando o cheiro azedo de uma relação incômoda entre verba pública e interesses privados.
Agora, Vandoni, o estrategista que ajudou a conduzir a campanha de um prefeito cuja vitória foi manchada por suspeitas e erros, é promovido. Um especialista em transformar promessas vazias em slogans cativantes vai trabalhar com turismo – irônico, não? É como se a prefeitura dissesse: “Você cuidou da imagem, agora cuide das paisagens.”
Mas a pergunta que fica é: até quando vamos aplaudir esses movimentos travestidos de governança? Cuiabá é uma cidade que precisa de gestores que enxerguem o turismo como uma oportunidade real de desenvolvimento, não como mais um cabide de empregos para premiar velhos aliados. É esse o futuro que queremos construir? Ou, como sempre, vamos aplaudir o circo e esquecer a fumaça que nos sufoca?
Abílio Brunini começa o ano como ele terminou sua campanha: dando a entender que a política, no fundo, continua a ser o velho teatro de privilégios.
O espetáculo está garantido. O público? Nós.
